A chinesa naturalizada brasileira Lin Gui, 21, conquistou neste sábado (25) a medalha de prata nos Jogos Pan Americanos de Toronto. É o primeiro pódio na disputa individual feminina da história do país.
Ela perdeu a final para a chinesa naturalizada norte-americana Yue Wu por 4 a 2 (8/11, 8/11, 11/4, 11/8, 12/10, 9/11 e 7/11). Após começar perdendo, Gui conseguiu virar o jogo e se aproximar da vitória. Mas deixou a adversária retomar as rédeas da partida e ficou com o segundo lugar.
"Quando percebi já estava 3 a 2. Depois que ela pediu tempo no 6º set, ela mudou a tática. Não consegui achar uma solução muito boa para sair desse desconforto. Mesmo no último set em que estava ganhando e 5 a 1, errei duas bolas e ela conseguiu manter firme a tática dela. Aguentou nos momentos difíceis e acabei perdendo no final", disse ela.
Com a derrota, Gui não conseguiu garantir a vaga na Olimpíada. O Brasil tem uma representante garantida, a ser definida, mas pode conquistar mais uma no pré-olímpico em abril, no Chile. Ela disse que a manutenção da briga para 2016 pode ser uma motivação.
"Em vez de falar que é frustrante, pode ser uma motivação. Esse pouco que a gente perdeu é uma boa aprendizagem e melhorar mais. Foi o meu primeiro Pan e consegui chegar em duas finais. No individual, ganhei de duas norte-americanas. Tem mais coisa positiva para levar do que negativa", disse ela, que chorou abraçada a Hugo Hoyama, seu treinador.
O técnico disse que ficou triste pela forma como Gui perdeu, mas avalia que o resultado, inédito no feminino, tem importância pedagógica. "Só passando por situação como essas que ela aprende
Para chegar à final, ela enfrentou as também norte-americanas Lily Zhang, então cabeça de chave número um da competição, e Zheng Jiaqi.
O Brasil também conquistou a medalha de bronze na competição individual, com Caroline Kumahara. As duas já tinham obtido a prata na disputa em equipe, também com Ligia Silva.
NATURALIZAÇÃO
Brasileira há três anos, Lin Gui chegou ao país há dez anos. Veio pelas mãos do ex-treinador da seleção brasileira Wei Jian Ren, que a viu jogar na China. Com poucas chances na seleção local, decidiu treinar no Brasil.
"Eu assisti à abertura da Olimpíada de 2008 [em Pequim] do Brasil. Impressionante. Vi aquele clima de Jogos Olímpicos. Passei a ter esse sonho de disputar uma Olimpíada", disse ela, que jogou em Londres-12 pela equipe feminina nacional.
Desde os 12 no Brasil, Lin Gui já fala português quase fluente e já adotou a informalidade no jeito de ser.
"[Ficar no Brasil] Foi uma coisa de criança sem noção ficar no Brasil. Agora eu entendo a minha mãe. Sente muita saudade. Para criança, quando tem novidade, não tem problema", disse ela, que namorou o chinês Chen Zizao, ex-jogador do Corinthians.
A mesa-tenista mantém contato quase diário com os pais, que moram em Nannig. Mas diz que tem um "representante" deles no país.
"Hugo é como se eu fosse um pai. Cuidou de mim desde que eu cheguei no Brasil há dez anos. Para minha sorte encontrei um pessoal muito carinhoso, que me recebeu muito bem", disse ela.
"Se ela fosse da minha família eu ia ficar careca. Gosto de ajuda-la da melhor maneira possível. É uma relação de pai e filho que às vezes existe com o técnico. Relação de respeito, trocar informações e não tem nenhum tipo de segredo. Para a dupla dar certo, tem que ter essa cumplicidade. É legal isso", disse Hoyama.
Atleta do Palmeiras/São Bernardo do Campo, ela vai se mudar para a Austria defender o Linz, atual vice-campeão europeu. Assim como os mesa-tenistas Hugo Calderano e Gustavo Tsuboi, o destino é uma forma de evoluir no esporte.
No masculino, Gustavo Tsuboi, 30, e Hugo Calderano, 19, disputam a final brasileira.
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