Folha de S. Paulo


Sede do Pan-19, Peru só quer bater próprio recorde de medalhas

Hector Retamal/AFP
Aposentado do tiro esportivo desde 2012, Francisco Boza voltou em Toronto e conquistou a medalha de ouro
Aposentado do tiro esportivo desde 2012, Francisco Boza voltou em Toronto e faturou o ouro

Sediar o Pan Americano costuma ser uma forma de se impor como potência esportiva regional. Não será para o Peru, próxima sede.

Pela segunda vez, o evento será realizado num país que costuma estar fora dos dez primeiros lugares do quadro de medalhas -posição em que o Peru ficou apenas uma vez em 17 edições. Por este motivo, a meta do país em seus Jogos não será definida pela posição na disputa entre nações.

O comitê olímpico peruano só quer superar o recorde histórico de medalhas de ouro do país num Pan. Foi o que conseguiu a Republica Dominicana, que com dez ouros ficou em nono lugar em Santo Domingo-03 –até aquele ano, o país só havia conquistado três ouros na história dos Pan.

A marca de apenas duas vitórias peruanas, que perdurava desde Buenos Aires-51 (primeira edição dos Jogos), foi superada em Toronto-15, com quatro primeiros lugares. O Peru estava na sexta-feira (24) na 12ª posição.

A campanha neste Pan já é considerado um feito histórico. Nas outras 16 edições dos Jogos, foram apenas cinco medalhas douradas.

"Nunca tivemos um grande resultado. O que aspiramos [em 2019] é obter um recorde histórico de medalhas de ouro. Em que lugar vamos ficar, não sabemos", disse o secretário-geral do comitê, Francisco Boza.

O dirigente é uma espécie de ídolo olímpico do país. Atirador, ele conquistou uma medalha de prata na Olimpíada de Los Angeles-84 após 36 anos sem a presença de um peruano no pódio. No total, foram apenas quatro.

Aposentado do tiro esportivo desde 2012, voltou a competir para ajudar o país a melhorar sua marca em Toronto. Conquistou um dos três ouros do Peru e classificou-se para a Olimpíada de 2016.

O comitê peruano afirma ter quadruplicado o investimento em esporte, atingindo em 2014 gasto de US$ 22 milhões (R$ 73 milhões). A intenção é apostar nas provas de atletismo de média e longa distância, tiro e em lutas nas categorias leves.

Mas diz que todo o gasto não será suficiente para fazer frente às potências regionais.

"Nossos países vizinhos investem muito mais em esporte. O Pan é uma oportunidade única para ter esse empurrão. Dizer que vamos ficar em quinto, sexto ou sétimo lugar não é possível. Hoje o quinto é a Colômbia, com 26 ouros [até sexta (24)]. Passar de três medalhas de ouros neste Pan, para esse número de medalhas em quatro anos é algo irreal", disse Boza.

O Pan sempre foi sediado em países que costumam ficar entre os dez primeiros colocados no quadro de medalhas. No Rio, o Brasil ficou em terceiro na disputa após nove edições do Pan. Em Toronto, o Canadá tomou a segunda colocação de Cuba.

Em Lima-19, o objetivo é fazer do evento uma forma de incentivar a prática esportiva em alto nível.
"Há poucos anos anos, Peru era um dos países com menores participações desportiva e atividade física no mundo. É uma questão de sobrevivência como nação. Por isso o Pan pode transformar a sociedade peruana", disse o presidente do comitê, Jose Quiñones.

O Pan de Lima promete ser também o mais barato entre as últimas edições. Desde o Rio-07, o orçamento ultrapassa US$ 1 bilhão. A candidatura de Lima-19 previa um gasto de cerca de US$ 736 milhões (R$ 2,4 bilhões). O valor será detalhado em setembro.


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