Folha de S. Paulo


Atletas fazem festa da manteiga na Vila do Pan

Mariliz Pereira Jorge/Folhapress
Refeitório da Vila do Pan
Refeitório da Vila do Pan

Depois do começo dos jogos, ninguém, além de atletas, comissão técnica e colaboradores, pode entrar na Vila do Pan e muito menos na área de alimentação, que eu já contei aqui é uma verdadeira Disneylândia. Em todos os sentidos.

Três noites atrás, para comemorar as medalhas de ouro conquistadas, cerca de 25 atletas juntaram 12 meses, cobriram de manteiga e improvisaram uma pista escorregadia, onde jogavam o corpo e deslizavam de uma ponta a outra. "Não posso contar de que país eram, só que estavam muito felizes", diz Chris Warner, gerente de alimentos e bebidas do evento.

Outra noite, encostaram várias mesas nas paredes para simular rampas de skate. Pelo andar da carruagem não vai sobrar mesa sobre mesa até o final dos jogos. "A atmosfera não poderia ser melhor", diz Warner.

É a segunda vez que o gerente comanda um espaço de comida para atletas. A primeira experiência foi em Vancouver, na Olimpíada de inverno, em 2010. Apesar disso, nunca fez nada tão grandioso em quantidade de pessoas atendidas e de refeições. "Estão sempre com fome e não param de comer, mas são atletas, podem."

A praça de alimentação funciona 24 horas por dia. E mesmo tarde da noite, entre 22h e 1h30, o número de refeições servidas chega a quatro mil apenas nesse período. "Muita gente com fome depois de voltar do bar", brinca Warner, se referindo ao Destillery District, uma área renovada, que fica ao lado da Vila do Pan. E cheia de bares.

Mariliz Pereira Jorge/Folhapress
Refeitório da Vila do Pan
Refeitório da Vila do Pan

Ao todo serão aproximadamente 464 mil refeições até o final do Pan. É comida que não acaba mais: 90 mil bananas, 50 mil porções de carne, 10 mil litros de suco de laranja, 70 mil porções de peito de frango, 25 mil litros de molho de tomate, 75 mil litros de sorvete.

Seis meses antes do começo do Pan, todos os países receberam informações sobre a comida e puderam fazer suas observações. Tem arroz e feijão, mas não por um pedido especial da delegação brasileira. "Muitos atletas gostam", diz Warner. As observações eram referentes a necessidades de alimentos sem lactose, sem glúten, sem açúcar.

Quem viu de pertinho como funciona essa estrutura gigantesca foi o técnico da seleção brasileira de karatê, Ricardo Aguiar, que esteve na cozinha onde são preparadas as milhares de refeições. "A cozinha da Vila é incrível, o manuseio dos alimentos e ingredientes é extremamente limpo, e segue um controle rigoroso. Aqui nada pode estar fora da temperatura, pois um problema na comida significa um grande problema aos atletas, que pode influenciar diretamente na performance", diz Ricardo, um apaixonado por gastronomia.

Ele já fez aulas de culinária, harmonização e degustação, e vai participar do reality show Cozinheiros em Ação, do GNT. Ricardo aproveitou os conhecimentos para colocar a mão na massa na cozinha da vila. "Ontem a atleta Valéria Kimizaki me desafiou a inventar uma sobremesa. Deram cinco minutos para usar os ingredientes que tínhamos ali. Outros atletas votaram. Foi bem legal, cozinha é diversão", conta.


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