Folha de S. Paulo


Pela primeira vez desde 1967, cubanos não ficarão ao menos em 2º no Pan

A ilha que virou potência esportiva nas últimas quatro décadas vai, pela primeira vez desde 1967, ficar fora das duas primeiras colocações do quadro de medalhas no Pan.

Nas últimas 11 edições dos Jogos, Cuba foi vice dez vezes e campeã em Havana-1991.

Em Toronto, os cubanos podem ser, no máximo, terceiros na classificação por ouros. Atualmente, estão em quarto, atrás do Brasil e ameaçados pela Colômbia.

Até a conclusão desta edição, Cuba tinha 76 medalhas em Toronto, sendo 26 de ouro. Os EUA lideravam o quadro geral, com 82 ouros (218 no total), à frente de Canadá, com 68 (181), e Brasil, 32 (115).

Os caribenhos contavam com uma profusão de láureas no boxe e no atletismo para se reergueram na contagem.

Fato é que, nos últimos anos, o desempenho do país tem decaído, sobretudo devido a cortes de investimento, deserções de atletas e perda de hegemonia em algumas modalidades, como vôlei.

Um dos reflexos pode ser visto em seu contingente. Em Guadalajara-2011, Cuba levou 447 atletas ao Pan, menos que os 483 que levara ao Rio em 2007. Este ano, 444 foram a Toronto. O Brasil tem 590.

O mau desempenho já tem sido alvo de queixas na ilha.

Antonio Becali, presidente do Instituto Nacional de Esportes de Cuba (cargo equivalente ao de ministro) admitiu insatisfação com o desempenho e criticou a naturalização de atletas, como fez o Brasil no polo aquático e esgrima.

Cuba

"Nossa delegação, que carece de talentos comprados ou nacionalizados em razão de medalhas, enfrentou cada jornada com espírito de luta."

Cuba alegou ainda que o Canadá investiu por estar em casa e que o Brasil está fortalecido por causa da Rio-2016.

Antes do Pan, Becali havia afirmado à Folha que o objetivo do país era manter o 2º lugar no quadro de medalhas.

Para ele, o reatamento das relações entre EUA e Cuba pode ajudar a melhorar os equipamentos esportivos no país.

"É difícil até comprar piso e quimono para treinar", contou o técnico da seleção masculina de judô, Justo Noda. A equipe saiu de Toronto com 14 pódios, mas não sabe quantos judocas levará ao Mundial de Astana, no Cazaquistão, em agosto. O motivo é, como sempre, financeiro.

O orçamento para o esporte –não revelado pelas autoridades– não é o mesmo que começou a ser aplicado após a revolução comunista, em 1959, e que se refletiu pela primeira vez no Pan de Cali-1971. Até então, Cuba nunca havia ficado entre os três primeiros.

Em Jogos Olímpicos, os cubanos explodiram em Barcelona-1992, com 31 medalhas. Mantiveram-se entre os dez primeiros até Sydney-2000. Em Londres-2012, foram 16º.

A ilha até promoveu uma mudança em 2013, quando passou a permitir que alguns atletas do país disputassem ligas profissionais no exterior, sem sofrerem sanções.

"Seria impossível vencê-los se todos os jogadores estivessem no time", afirma Rubinho, técnico da seleção brasileira de vôlei em Toronto.

Apesar disso, o problema persiste. Até agora, já foram ao menos seis deserções confirmadas no Pan canadense.

CONFIRA AS MEDALHAS DO BRASIL NO PAN-2015

Crédito: Editoria de Arte/Folhapress


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