Folha de S. Paulo


Três quartos dos ouros do Brasil no Pan não têm nível de pódio olímpico

Cerca de três quartos das medalhas de ouro conquistadas pelo Brasil no Pan de Toronto não têm nível para alcançar o pódio olímpico.

Os índices registrados pelos campeões no evento, em alguns casos, não seriam suficientes sequer para chegar à fase final de provas olímpicas, se considerados os resultados em Londres-2012.

Levados em conta apenas resultados com cronometragem ou pontuação, apenas dois ouros do Pan –os de Felipe França na natação e Isaquias Queiroz na canoagem se converteriam em medalhas na última Olimpíada.

O COB (Comitê Olímpico do Brasil) tem como meta atingir entre 27 e 30 medalhas e ficar entre os dez maiores medalhistas nos Jogos do Rio.

Do total de 32 medalhas douradas conquistadas pelo Brasil no Canadá até a noite desta quarta (22), em até oito casos o resultado serve como bom indicador para 2016.

Nos demais, ou a pontuação atingida não credenciaria o atleta a um pódio ou seus adversários no continente não fazem parte da elite.

A natação é um exemplo significativo. Dos dez primeiros lugares em Toronto, apenas o triunfo de Felipe França nos 100 m peito renderia uma láurea olímpica : os 59s21 seriam bronze em Londres.

As vitórias de Thiago Simon (200 m peito) e Brandonn Almeida (400 m medley) não valeriam vaga nas respectivas decisões em 2012.

Editoria de Arte

O canoísta Isaquias Queiroz conquistou dois ouros, mas apenas um dos tempos o colocaria no pódio olímpico. Ele percorreu os 200 metros em 39s991, uma marca que também lhe daria medalha de ouro em Londres-2012.

Outro exemplo significativo de como a medalha de ouro no Pan pode não ser parâmetro para a Olimpíada foi a conquista de Juliana dos Santos no atletismo (5.000 m) na terça-feira (21) —nos Jogos de Londres, ela seria apenas a 33ª com o tempo que lhe deu o primeiro lugar em Toronto.

No judô, esporte que deu cinco medalhas de ouro para o país no Pan, a vitória mais significativa foi a de Tiago Camilo. Ele venceu na final o vice-campeão olímpico Asley González, de Cuba. "Meu objetivo é o Mundial [em agosto]. O Pan foi uma etapa."

Nos demais casos, os brasileiros não enfrentaram líderes do ranking mundial.

Outro caso é o de Joice Souza, medalhista de ouro na luta olímpica. A conquista regional não inclui as lutadores europeias e asiáticas, melhores no esporte. No último Mundial da categoria, a brasileira ficou em 15° lugar.

O mesmo ocorre com a equipe masculina de tênis de mesa, que conquistou a sexta medalha de ouro no Pan, mas não conseguiu ainda nenhuma nos Jogos Olímpicos.

Os melhores times são asiáticos e europeus.

Já o desempenho do atirador Felipe Wu também atingiu nível olímpico.

A pontuação que ele teve na final da pistola de ar 10 m o deixaria no topo do pódio em 9 de 12 competições internacionais deste ciclo olímpico –não é possível comparar o resultado com Londres-2012, porque houve mudança no cálculo de pontos.

CONFIRA AS MEDALHAS DO BRASIL NO PAN-2015

Crédito: Editoria de Arte/Folhapress


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