Folha de S. Paulo


EUA enviam medalhistas olímpicos para as provas de natação no Pan

Toby Melville/Reuters
O brasileiro Cesar Cielo e o americano Cullen Jones se cumprimentam após prova
O brasileiro Cesar Cielo e o americano Cullen Jones se cumprimentam após prova

As disputas da natação nos Jogos Pan-Americanos de Toronto tendem a presenciar um domínio norte-americano que há muito não se via.

Os Estados Unidos levarão ao Canadá um grupo de 36 nadadores, dos quais sete são medalhistas olímpicos.

Na edição passada dos Jogos, em Guadalajara-2011, a delegação tinha apenas duas nadadoras com pódios olímpicos, e nem de longe com a mesma expressão dos representantes do Pan de Toronto.

A grande estrela é Natalie Coughlin, 32, dona de 12 medalhas obtidas nos Jogos de Atenas-2004, Pequim-2008 e Londres-2012. Ela tem também 20 pódios em Mundiais.

Outro destaque é o velocista Cullen Jones, 31, que na final dos 50 m livre em Londres-2012 superou Cesar Cielo e foi prata– o ouro foi do francês Florent Manaudou.

Se em Guadalajara-2011 os norte-americanos tiveram 46 conquistas, 21 a mais do que o Brasil, a expectativa é de que esta diferença cresça.

O motivo que levou os norte-americanos a escalar uma linha de frente tão poderosa não teve exatamente a ver com suas pretensões no Pan.

Mas, sim, com a competitividade interna que definiu as vagas das seleções.

A federação de natação do país divulgou as convocações após a seletiva nacional há quase um ano, e dividiu sua seleção da seguinte forma: os dois primeiros em cada prova iriam para o Mundial de Kazan, na Rússia, e os demais se dividiriam entre o Pan e a Universíade de Gwangju.

Natalie e Jones, entre outros, que não tiveram bom desempenho no torneio classificatório, foram então designados a disputar o evento.

"O elenco do Pan é nossa terceira escolha. Aconteceu de estes atletas particularmente não nadaram bem ou não o suficiente para ir aos times principais, mas são grandes atletas", afirmou à Folha Frank Busch, diretor da federação de natação dos EUA.

"Não é que não encaramos o Pan como prioridade. Não quero que achem que pensamos assim. Os nadadores que vão a Toronto têm de pensar que se trata de um bônus para que eles se preparem para a reta final de classificação para a Rio-2016", completou.

DECEPÇÃO

Nick Thoman, 29, atual vice-campeão olímpico dos 100 m costas, foi um dos que nadaram mal e tiveram de se resignar com o Pan. Ele teve uma lesão no ombro, que atrapalhou seus objetivos de ir para o Mundial russo.

"Foi um pouco decepcionante não ir a Kazan, mas ir ao Pan será uma oportunidade. Vou me preparar como se fosse para Kazan. Meu ombro está recuperado e estou confiante. Quero fazer tempos rápidos lá. Será um grande treino", afirmou à Folha.

A especialista em medley Caitlin Leverenz, 24, não lidou com qualquer problema físico. Nadou abaixo do esperado e ainda se ressente da perda da vaga para Kazan.

"Uma parte de mim ficou decepcionada, mas acho que o Pan vai ser uma competição muito boa. Os EUA estão levando muita gente rápida e será um bom palco para começar o ano final de preparação para o Rio", concluiu Caitlin, bronze nos 200 m medley em Londres-2012.

Rio e Pan, por sinal, são palavras que lhe trazem à mente as memórias mais afetivas possíveis. Foi no Pan do Rio, em 2007, então com 16 anos, que ela disputou o primeiro grande evento internacional."Será como um flashback."

A "contragosto" ou não, as estrelas norte-americanas da natação prometem uma chuva de medalhas em Toronto.


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