Folha de S. Paulo


Tenista e universitária, Bia Maia testa sua evolução no Pan de Toronto

Beatriz Haddad Maia, ou simplesmente Bia Haddad, tenista que foi comparada à russa Maria Sharapova no início da carreira em virtude de sua beleza, chegou aos 19 anos fissurada em exercícios: não apenas os físicos, mas também os de matemática.

"Cuidar do meu corpo é um lado nerd. Acordo antes das meninas, às 6h, coloco uma toalha no chão do quarto e começo a me alongar, soltar, faço todos os exercícios de abdômen, quadril, joelho, tornozelo, ombro, punho. Tem quem acha que sou louca. Mas adoro", diz Bia à Folha.

O seu outro lado nerd ela está aplicando na carreira acadêmica. A tenista brasileira está na universidade desde o início do ano, cursando administração, à distância.

"Se eu não jogasse, faria engenharia civil ou medicina. Amo matemática, física. Mas com a nossa carreira é impossível", afirma.

"É preciso exercitar a cabeça fora da quadra. Se fica só no tênis, quando você perde, quer se matar", completa.

Com a energia gasta dentro de quadra ou estudando entre os jogos, Bia costuma dormir por volta das 21h30. "O disjuntor apaga. Não aguento de sono. Desligo".

Até o dia 16 de julho, em Toronto, ela já encontrou outro motivo para ficar ligada: os Jogos Pan-Americanos, competição que irá disputar pela primeira vez na carreira.

Bia estreia neste domingo (12) contra a chilena Fernanda Brito, 23, 331ª do ranking mundial. "Eu sonho jogar Olimpíada, Pan. Cresço muito jogando pelo Brasil. E vou conhecer gente, abrir a cabeça, aprender e me divertir."

Aos 13 anos, Bia já despertava a atenção no tênis nacional, jogando contra meninas bem mais velhas. Mas foi nos últimos meses que a carreira voltou para os trilhos e ela começou a se destacar também fora das quadras brasileiras.

Não é apenas a carteira de motorista que empolga a tenista paulista, que aprendeu a dirigir na autoescola.

Neste ano, ganhou o primeiro título de duplas na WTA (associação das tenistas profissionais) com Paula Gonçalves (que com Gabriela Cé forma o trio brasileiro no Pan), em Bogotá. Também chegou às quartas do Aberto do Rio com um ótimo desempenho e atingiu até hoje o seu melhor ranking (148ª).

Uma revolução após o sofrimento que ela resume assim: "Há dois anos, dei azar, caí na quadra, machuquei meu ombro direito. Depois, tive três hérnias de disco, minha perna direita ficou paralisada, operei a coluna, fiquei mal, não sabia se ia voltar a jogar. Naqueles seis meses, virei outra pessoa", recorda.

"A gente aprende pelo amor ou pela dor", diz Bia.

A dor nunca mais voltou, desde 12 de outubro de 2012, dia em que foi submetida a uma cirurgia na coluna.

O amor vem dos familiares. A mãe, Laís Haddad (sem parentesco com o prefeito paulistano, Fernando Haddad), é professora de tênis; o pai, Ayrton Maia Filho, como o avô, foi jogador de basquete.

E foi dos Maia que Bia herdou a altura. Hoje, com 1,85 m, só não é mais alta que Sharapova se comparada às dez melhores do ranking.

"Ser alta é muito benéfico. Muitas queriam ser altas e canhotas como eu", diz.

"Mas a Sharapova não é uma jogadora em quem me espelharia. [Petra] Kivitova, Serena [Williams], [Simona] Halep são quem eu mais me espelharia para melhorar. Da Sharapova, apenas o lado mental. Mas prefiro ser mesmo a Bia", compara-se.

TENISTA TEM EQUIPE ACOSTUMADA A ASTROS

Bia Haddad é acompanhada por alguns dos principais profissionais do país. Em Balneário Camburiú (SC), onde mora, foi treinada por Larri Passos, ex de Guga, que ainda a acompanha em viagens.

O técnico de Bia é Bocão, pupilo de Larri. Na parte médica, cuidam dela o fisiologista Gustavo Magliocca (o mesmo de Cesar Cielo), a psicóloga Carla di Pierro (a de Thomaz Bellucci), além de fisioterapeuta, osteopata (parte óssea), preparador físico e ortopedista.


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