Folha de S. Paulo


ANÁLISE

Existe só um país que questiona Messi; é a Argentina

Pouco antes da Copa América, circulou pelas redes sociais um mapamundi sob o título "Em vermelho, os países que ainda questionam Messi".

O único país em vermelho era precisamente a Argentina.

É evidente que, depois da Copa América e de um novo fracasso argentino na final, um ano depois de perder o Mundial para a Alemanha, o vermelho tenha se tornado ainda mais vivo.

Não dá para estranhar, por isso, que a Argentina tenha sido invadida por rumores de que Messi pedirá uma licença provisória e deixará de usar por um tempo a camisa branco-e-celeste (seu companheiro de Barcelona, Javier Mascherano, faria a mesma coisa).

Mais que rumores, é uma profecia ao jornal "Clarín" de Matías Almeyda, ex-jogador e hoje treinador do Banfield: "Algum dia este 'muchacho' vai se cansar e nunca mais vai querer vir [para a seleção]".

A perspectiva assusta os argentinos que não questionam Messi, como é o caso de César Luis Menotti, polêmico técnico que treinou a Argentina entre 1983 e 84.

Escreveu Menotti que "a Argentina sem ele é uma equipe normal. Igual ao Brasil sem Neymar, que pode perder contra qualquer um. A Messi há que cuidá-lo, não criticá-lo. Que cuidem dele porque, se não, não iremos ao próximo Mundial".

O que se critica a Messi é, acima de tudo, que, nos momentos em que as coisas não vão bem para a seleção, "ele caminha no campo e vai se apagando", como diz Ariel Senosiain, em vídeo postado no "site" do diário esportivo "Olé".

A outra crítica é bem mais antiga: Messi não faz na seleção as mágicas que faz usualmente no Barcelona.

Almeyda, o técnico do Banfield, explica, corretamente, o porquê: "É o melhor jogador que temos, mas nunca chegará a ser esse Messi que joga no Barcelona porque, lá, toca a bola e o primeiro pensamento de seus companheiros é devolvê-la a ele. Aqui, ocorre exatamente o contrário. É difícil que lhe devolvam em seguida".

Senosiain ("Olé") parece concordar indiretamente, ao lamentar que "os jogadores da seleção argentina não se conhecem [em campo], não se juntam".

Ambas análises são corretas, mas o fato de Messi ser o melhor jogador do mundo faz com que sobre ele se concentrem as atenções e, por extensão, as críticas, ainda mais que perdeu as finais das três Copas que disputou (duas Copas América e a do Mundo em 2014).

Se as críticas o afastarão da seleção vai se saber já em setembro quando a Argentina excursionará pelos Estados Unidos. Com ou sem ele?


Endereço da página:

Links no texto: