Folha de S. Paulo


Torcedores argentinos ficam desolados com quinta derrota seguida em finais

O favoritismo da seleção celeste e branca levou torcedores a bares e restaurantes da capital, mas o clima de festa foi frustrado pela derrota nos pênaltis.

"É a quinta final seguida que perdemos", lamentou o estudante de economia David Elias, 28, referindo-se a duas Copas América perdidas, em 2004 e 2007, Copa das Confederações (2005) e o mundial no Brasil, em 2014.

"Esta seleção não aguenta a pressão de uma final", diz o torcedor.

O motorista Daniel Sardo, 43, disse que a família havia se programado para fazer um churrasco na casa de parentes e, após a vitória, comemorar no Obelisco, ponto turístico da capital.

Com o resultado, eles iriam ficar em casa. "A Argentina não jogou bem. Messi e Pastore jogaram menos do que esperávamos", afirmou.

O insone bairro de Palermo Soho tinha as ruas praticamente vazias por volta de 21h. Além da derrota da seleção, contribuiu para o baixo movimento a proibição da venda de bebidas alcoólicas na noite deste sábado (4), em razão da lei seca eleitoral. Buenos Aires terá eleições neste domingo (5).

Da arbitragem os argentinos não podem se queixar, opinou o engenheiro brasileiro Ederson Sena, 31.

"A seleção argentina era a melhor, mas nesse jogo o Chile foi melhor", disse. "O juiz não beneficiou nenhum dos dois lados".

Nos dias anteriores à partida, cresceu entre os torcedores argentinos o medo de que a arbitragem pudesse beneficiar o rival ou deixasse de marcar excessos, como o episódio envolvendo o zagueiro chileno Jara e o uruguaio Cavani.

Outra expectativa era como torcedores e jogadores encarariam a rivalidade histórica entre os dois países, acentuada pelo apoio dado pela ditadura chilena aos ingleses durante a guerra das Malvinas.

Durante o campeonato, argentinos criaram uma versão da canção "como se siente", repetida à exaustão na Copa no Brasil, para os chilenos, em que diziam torcer para que um tsunami inundasse o país vizinho para que os ingleses o ajudassem a nadar.

Para David Elias, a rivalidade histórica entre Chile e Argentina não chegou ao campo.

"Para nós, torcedores, dá no mesmo perder para o Chile ou para o Brasil. Perder é ruim sempre", disse ele.


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