Folha de S. Paulo


Relator cede a pressão de clubes e sobe limite de gastos em MP do Futebol

A Câmara dos Deputados adiou a votação da medida provisória que trata do refinanciamento das dívidas dos clubes de futebol para a próxima terça-feira (7).

Pressionado por cartolas de clubes e da CBF, o relator da MP, Otávio Leite (PSDB-RJ), cedeu em um ponto no texto que irá para a votação na Câmara. Ele aumentou o percentual de gastos permitido com o gasto em salários e direitos de imagens no departamento de futebol. Neste novo relatório, o limite é de 80% da receita bruta anual do futebol profissional para gastos com salários e direitos de imagem. Na versão anterior, o limite era 70%.

O texto da MP do Futebol chegou a estar na pauta da sessão desta quinta (2), mas devido a questionamentos de alguns deputados ligados à bancada da bola na Casa, o relator da proposta, deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), aceitou fazer modificações em seu parecer.

O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou que o Planalto está de acordo com o texto apresentado e endossará a sua aprovação.

"É uma medida que interessa aos clubes, ao futebol brasileiro, que, aliás, está em um momento de baixa e o que o governo está fazendo é ajudar o futebol nessa força-tarefa para ver se a nossa seleção chega em algum lugar. Esse é um esforço grande do governo", disse.

Segundo Guimarães, o governo já cedeu onde poderia, como a ampliação do prazo para o pagamento da dívida para 240 meses e que agora faltam apenas alguns ajustes em relação à gestão dos clubes e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

Questionado se deputados ligados à CBF poderiam se articular para evitar a votação e assim, derrubar a medida provisória, Guimarães afirmou que a entidade "não está com essa bola toda para exigir nada do Congresso".

"O que estamos fazendo é recuperar os clubes de futebol e esse é o interesse do governo. Nunca o governo deu um tratamento tão adequado aos times de futebol como com essa MP. Atendemos ao prazo da renegociação. É bom para os times de futebol e é bom para o governo que vai arrecadar também", disse.

A medida foi aprovada por uma comissão especial na semana passada em uma sessão que tinha menos da metade dos seus integrantes. Por isso, vários deputados que não conseguiram votar e apresentar seus pedidos de mudança ao texto pressionaram o relator para que as alterações sejam feitas antes da votação da Câmara.

Alguns dos pontos questionados era o da limitação de 70% (agora 80%) do uso da receita bruta do departamento de futebol profissional para pagamento de salários e a necessidade de auditagens regulares.

Caso não consiga emplacar as mudanças, a bancada da bola ameaça barrar a votação da MP e invalidá-la pela expiração do prazo de tramitação. Se for aprovada, a medida precisa ainda ser analisada pelos senadores. Necessita passar pelo crivo das duas Casas até 17 de julho, data em que perde a validade.

O Bom Senso FC, movimento que cobra melhorias no futebol brasileiro, falou em sabotagem da CBF e torce agora pela aprovação definitiva da MP.


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