Folha de S. Paulo


Marin gasta R$ 1,9 milhão para tentar evitar prisão nos Estados Unidos

O ex-presidente da CBF José Maria Marin, 83, preso na Suíça há 34 dias acusado de envolvimento em esquemas de corrupção, já gastou R$ 1,9 milhão em sua defesa, que tem como prioridade evitar que ele tenha de ficar em um presídio norte-americano.

Cerca de metade do dinheiro foi gasto na Suíça na tentativa de evitar que ele seja extraditado para os EUA.

A Justiça norte-americana tem até sexta-feira (3) para apresentar o pedido de extradição de Marin e de outros seis dirigentes do futebol mundial que estão detidos em prisão próxima a Zurique.

Os advogados tentarão, de início, evitar sua transferência, mas já têm cartas na manga para o caso de derrota.

A Folha apurou que dois escritórios contratados pela família e amigos do dirigente –por quase R$ 1 milhão– já estudam firmar um acordo com o governo norte-americano, no qual ele se colocaria à disposição da Justiça e pagaria indenizações ao país.

Os advogados admitem, inclusive, que Marin abra o seu sigilo bancário e pague ao governo americano as multas correspondentes aos crimes pelos quais é acusado.

O acordo desenhado pela defesa do dirigente não prevê a confissão da culpa, nem mesmo uma espécie de delação premiada. Marin descarta repassar informações à Justiça americana sobre o caso.

A ideia da defesa é que, caso a extradição prospere, o acordo permita que ele não fique nos presídios de Nova York. Por causa de sua idade, a proposta da defesa é que ele tenha liberdade condicional.

Se o acordo for firmado, Marin ficaria em liberdade, mas com restrições de locais onde poderia transitar. Numa primeira etapa, ele precisaria usar tornozeleira eletrônica e, depois, poderia ficar apenas no Estado de Nova York, onde tramita o processo.

Mais à frente, o raio de restrição poderia ser expandido para os EUA todo. A defesa do cartola entende que, se houver a extradição, a melhor opção é propor esse acordo.

Caso ele vá para os EUA, a ideia é pedir, inclusive, que Marin possa responder ao processo em prisão domiciliar. O cartola tem um apartamento em Nova York.

Na hipótese de barrar a extradição, a estratégia será entrar com recurso na Justiça suíça para que Marin fique no país europeu enquanto responde ao processo nos EUA.

A defesa do dirigente já ouviu de autoridades norte-americanas que o processo de extradição está sendo elaborado e será enviado à Suíça até quinta-feira (2).

A partir de então, a Justiça suíça pode demorar até seis meses para avaliar o pedido.

A PRISÃO

Marin foi detido em 27 de maio, às vésperas da eleição da Fifa, em hotel de luxo de Zurique, com seis dirigentes, entre eles o ex-presidente da Conmebol Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb, ex-vice da Fifa. Todos seguem presos.

No geral, os dirigentes são acusados de integrar um esquema de propina na negociação de acordos de transmissão de torneios nas Américas do Sul, Central e do Norte –entre eles, Copa América e eliminatórias para a Copa.

Os indiciados


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