Folha de S. Paulo


Em meio à crise, Del Nero evita estádio e manda secretário para Copa América

O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, desistiu de ir a Porto Alegre nesta quarta (10) para acompanhar no Beira-Rio o último amistoso da seleção brasileira antes da Copa América. O jogo contra Honduras começa 22h.

Del Nero também não deve ir ao Chile para ver as primeiras partidas do Brasil na competição continental e enviará um novo representante, que dividirá funções com João Dória Jr, que será o chefe de delegação no torneio.

Walter Feldman, secretário geral da CBF, estará com a delegação da seleção no jogo de domingo, 18h30 contra o Peru, em Temuco (no sul do Chile), e em Santiago para as partidas contra Colômbia (dia 17) e Venezuela (dia 21).

"Eu e o João Dória teremos trabalhos distintos. Ele tem um trabalho de representação da CBF em eventos, eu terei um trabalho mais administrativo", explicou Feldman.

A presença de Feldman, hoje o braço direito de Del Nero, é uma forma de blindagem do presidente nos primeiros dias da seleção no Chile. A Folha apurou que Del Nero teme que, se novas denúncias de corrupção forem feitas, ele estaria desprotegido com João Dória como representante da CBF no Chile.

O apresentador de TV, publicitário e jornalista João Dória foi convidado para ser o chefe de delegação antes de estourar as denúncias de que cartolas receberam propinas para fechar acordos comerciais e não tem o perfil que normalmente é convidado a esse cargo: cartola de clubes ou federação alinhado com o presidente da CBF.

Del Nero não foi implicado, mas há indícios, segundo investigação do Departamento de Justiça dos EUA, de que possa estar envolvido no esquema de recebimento de suborno. Del Nero nega que soubesse de qualquer irregularidade pelo seu antecessor, José Maria Marin, que está preso na Suíça.

O cargo de chefe de delegação não tem importância no dia a dia da seleção, já que a principal função é representar a CBF em eventos, portanto Feldman será o interlocutor entre Del Nero, elenco, comissão técnica e, claro, os jornalistas que acompanharem a seleção no Chile.

Del Nero prefere ficar no Brasil e se concentrar em três temas: as mudanças no estatuto da CBF, que vai amarrar nesta quinta (11) com os presidentes das federações estaduais, a MP do Futebol, que a CBF luta para que haja mudanças nas contrapartidas que os clubes darão para refinanciar suas dívidas fiscais, e na CPI que o Senado pretende instalar para investigar os contratos da entidade.

"O foco do presidente [Del Nero] está no Brasil, por isso ainda não há uma agenda de ida ao Chile. Mas, dependendo do que acontecer nesses próximo dias, pode haver mudança", disse Feldman.

Em meio ao escândalo e tentando segurar seu mandato, Del Nero fez uma visita aos jogadores no centro de treinamento da CBF, em Teresópolis (RJ), na quinta passada (4), e foi ao Allianz Parque, no domingo (7), ver o jogo contra o México. Entrou e saiu discretamente do estádio.

No jogo desta quarta (10), em Porto Alegre, a CBF será representada pelo diretor de marketing, Gilberto Ratto. O chefe de delegação deste jogo é Francisco Novelletto, presidente da federação gaúcha e desafeto de Del Nero, mas disse que aceitou o convite para representar seu estado.


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