Folha de S. Paulo


Senadores ameaçam cartolas contra virada de mesa na CBF

Os senadores da CPI do Futebol reprovaram a decisão da CBF de articular nos bastidores a mudança na sucessão do presidente Marco Polo Del Nero.

A entidade convocou os 27 presidentes de federações para uma assembleia na próxima semana com intenção de alterar critérios de sucessão.

A confederação quer impedir que o catarinense Delfim Peixoto, 74, primeiro na linha sucessória, assuma o poder, caso Del Nero renuncie.

Em retaliação, o senador Zezé Perrella (PDT-MG) disse que vai convocar para depor na CPI os dirigentes que acatarem a proposta da CBF. Pelo estatuto, o vice mais velho assume o posto vago.

"Eles podem mexer no estatuto e dar esse golpe. Mas, se fizerem isso, serão chamados para depor na CPI. Vamos olhar as contas das federações e saber deles o motivo para se manter esse esquema corrompido", afirmou Perrela, um dos parlamentares que apoiaram a abertura da CPI.

Desde a semana passada, o ex-presidente José Maria Marin está preso na Suíça acusado de receber propina na venda de direitos de torneios no Brasil e no exterior. Principal executivo da gestão Marin, Del Nero, que assumiu a CBF em abril, é suspeito de participar do esquema.

Na tentativa de reduzir críticas à sua gestão, Del Nero, vai propor a limitação do mandato na entidade. O dirigente vai pedir, na mesma assembleia, que o comandante da CBF tenha direito a apenas uma reeleição.

EX-NAMORADAS

Na próxima semana, a comissão deve ser instalada em Brasília. Autor da proposta, o senador Romário (PSB-RJ) já garantiu o seu lugar na CPI.

O objetivo principal da comissão é investigar a atuação de Del Nero na CBF desde que assumiu a vice-presidência em 2012. Ele entrou na entidade após Ricardo Teixeira renunciar naquele ano.

Além de convocar Del Nero para depor, as ex-namoradas do cartolas deverão ser chamadas para prestar esclarecimentos aos senadores. Ele costuma presentear as ex-companheiras com mimos de luxos, como carros importados e cirurgias plásticas.

Presidentes de federações já começam a resistir à pressão da CBF. Além de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia pretendem se opor à mudança.

Para modificar o estatuto, a CBF terá que ter dois terço dos votos das 27 federações na assembleia. Os 20 clubes da primeira divisão do Brasileiro têm direito a voto na eleição, mas não participam da reunião. A assembleia é o órgão máximo da CBF.


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