Folha de S. Paulo


Análise

Globo tem cobertura discreta sobre Blatter; EUA aumentam foco

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A Globo, até o "Jornal Nacional", às 20h30, fez um breve registro aqui, outro ali.
 
No "G1 em 1 Minuto", por exemplo, vídeo transmitido pela rede no final da tarde, optou por destacar os postos de combustível que entraram no "dia sem imposto", oferecendo desconto. Na sequência, anotou que, "depois da renúncia de Blatter, já tem candidato para presidente da Fifa", citando o príncipe da Jordânia.
 
Horas depois, em breve chamada do "JN", prometeu "as novidades da investigação". Na escalada de manchetes do telejornal, porém, nada da investigação. Destacou como eventual motivo da renúncia que Blatter "admite que não tinha apoio para continuar".
 
No meio da cobertura, mais à frente, a apresentadora Renata Vasconcellos registrou que "o jornal 'The New York Times' e a rede de TV ABC dizem que Blatter está sendo investigado, mas o nome dele não é citado no processo divulgado".
 
A ABC, rede que transmite campeonatos de futebol nos Estados Unidos, a exemplo da Globo no Brasil, fez diferente desde cedo, destacando a partir do "Good Morning America" que "fontes familiarizadas com o caso disseram que Blatter está sendo investigado pelo FBI e por promotores americanos como parte do inquérito".
 
Era a explicação que todos buscavam, para entender a renúncia quatro dias depois da reeleição. A investigação contra Blatter foi confirmada depois pelo "NYT".
 
De maneira geral, a cobertura americana para o escândalo é bem maior que de costume, em se tratando de futebol, e a saída do dirigente foi manchete on-line do "NYT" ao longo de quase toda a terça (2) –e também de outros sites jornalísticos, do "Wall Street Journal" à home americana do "BuzzFeed".
 
Paralelamente, ecoou também –como grande vitorioso– um vídeo do humorista inglês John Oliver, que apresenta o programa "Last Week Tonight" aos domingos, na HBO, e que fez um primeiro quadro de crítica à Fifa meses atrás, com grande repercussão.
 
Neste domingo (31), Oliver voltou à Fifa, questionando os estádios construídos para a Copa no Brasil e aqueles que, para a Copa de 2022 no Qatar, já teriam causado a morte de 1.200 operários imigrantes.

No vídeo postado no YouTube, que em pouco mais de um dia chegou perto de 2 milhões de visualizações, ele cobrava dos anunciantes da Fifa que ajudassem a derrubar Blatter. E prometia usar um tênis espalhafatoso da Adidas, comer a comida do McDonald's e, por fim, "o maior dos sacrifícios":

"Vou até beber Bud Light Lime [cerveja da InBev, maior cervejaria do mundo, dirigida por brasileiros]. Se vocês nos livrarem do demônio suíço que está arruinando o esporte que eu amo, essa coisa vai ganhar gosto de champanhe."
 
Confirmada a queda de Blatter –ainda que sem ajuda da InBev, que só foi soltar nota saudando a renúncia depois– Oliver comemorou com uma imagem de Bud Light Lime, que prometeu beber, olhos nos olhos dos espectadores, no próximo domingo.


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