Folha de S. Paulo


Ex-presidente da Concacaf deixa prisão e dança em evento político

Andrea de Silva/Reuters
O ex-vice-presidente da Fifa Jack Warner participa de evento político após deixar a prisão
O ex-vice-presidente da Fifa Jack Warner participa de evento político após deixar a prisão

Acusado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos no envolvimento do novo escândalo de corrupção da Fifa, o ex-vice-presidente da Fifa Jack Warner deixou a prisão em Trinidad e Tobago de ambulância nesta quinta-feira (28), após ser libertado sob fiança.

A fiança estipulada para o ex-dirigente é de US$ 394 mil (cerca de R$ 1,25 milhão), segundo a executiva legal da Autoridade Central de Trinidad e Tobago, Kylene Deosingh.

Segundo a imprensa local, Warner tinha apresentado sinais de esgotamento e se disse incapaz de atender aos jornalistas, que se amontoavam em frente à prisão à espera que apresentasse sua fiança e fosse libertado. Por isso, saiu do centro penitenciário em uma ambulância rumo a um hospital particular.

Entretanto, o jornal britânico "The Guardian" publicou que Warner foi fotografado dançando em um evento político horas após ser liberado da prisão.

"Se estivesse roubando dinheiro da Fifa por 30 anos, quem me deu o dinheiro? Como ele não é indiciado? Por que apenas pessoas de países do Terceiro Mundo foram indiciados?", indagou Warner sobre o presidente da Fifa, Joseph Blatter.

REVANCHE AMERICANA

Horas mais tarde, em coletiva de imprensa, Warner acusou o governo dos Estados Unidos de revanchismo após perder a disputa para sediar a Copa do Mundo de 2022.

"Os norte-americanos querer ferir a Fifa porque não conseguiram ser sedes da Copa do Mundo de 2022. É algo pessoal", afirmou.

"Eles receberam três votos. Mesmo se tivesse me ajoelhado e tivesse conseguido seis, teriam perdido igual. Não entendem que há regiões no mundo que não gostam dos Estados Unidos e eu não tenho nada a ver com isso", disse o político de 72 anos.

"Os Estados Unidos acreditam que têm o direito divino de ser sede de um Mundial e não creem que um país como o Qatar, pequeno e muçulmano, tenha o direito de ser sede de uma Copa", concluiu.

PEDIDO DE EXTRADIÇÃO

O ex-vice-presidente da Fifa tinha se apresentado na quarta-feira (27) às autoridades de seu país depois que estas receberam um pedido de detenção por parte dos Estados Unidos, e tinha insistido que era inocente.

"Warner está à espera de sua extradição para os EUA", onde a Justiça o acusa de corrupção em sua gestão no futebol, apontou a executiva legal de Trinidad e Tobago, que, no entanto, esclareceu que "ainda não há uma solicitação formal de extradição".

A Justiça americana tem 60 dias para solicitar sua extradição. Se passar desse prazo, Warner, que também é membro do parlamento de Trinidad e Tobago, pode pedir a retirada das acusações.

A próxima audiência de Warner está prevista para 9 de julho, segundo Kylene.

INVESTIGAÇÃO

Uma porta-voz da primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad Bissessar, disse que a governante pediu apoio ao parlamento para que o país colabore ativamente com as autoridades norte-americanas no caso contra Warner.

Na quarta-feira, o político e ex-dirigente da Fifa se declarou "inocente de todas as acusações" de corrupção depois que a polícia suíça, a pedido da Justiça americana, deteve na madrugada desse dia, em Zurique, sete membros do alto escalão do futebol, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin.

Horas depois deste pronunciamento, o político se entregou às autoridades de seu país em Port of Spain com o propósito de esclarecer sua situação legal.

Warner se apresentou à juíza Marcia Ayerrs Caesar, que decretou sua prisão. Além disso, a magistrada ordenou que ele entregasse seu passaporte e estabeleceu que, se obtivesse a liberdade provisória, deveria se apresentar duas vezes por semana em uma delegacia enquanto espera pelo início do julgamento de extradição.

Warner está em uma lista de nove diretores da Fifa e cinco empresários relacionados com essa entidade que foram indiciados pelo Departamento de Justiça dos EUA.


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