Folha de S. Paulo


Del Nero descarta renúncia e evita defender inocência de Marin

Xu Zijian/Xinhua/Antonio Lacerda/Efe
Fotos mostram que painel de patrocinadores usado em falas de Del Nero foi retirado nesta sexta-feira (29)
Fotos mostram que painel de patrocinadores usado em falas de Del Nero foi retirado nesta sexta-feira

Atual presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Marco Polo Del Nero disse nesta sexta-feira (29), no Rio, que não vai deixar o cargo apesar das investigações que culminaram na prisão de José Maria Marin, ex-mandatário da entidade.

Del Nero concedeu entrevista na sede da CBF, na Barra da Tijuca, para falar sobre o esquema de corrupção que está sendo investigado pelos Estados Unidos.

"É impossível renunciar. Isso não existe comigo. Até porque não há nenhuma razão para que eu venha renunciar. Eu não tenho nada a ver com isso", disse o dirigente.

Em meio à crise, a CBF evitou exibir as marcas dos seus patrocinadores. Diferentemente do que aconteceu em eventos anteriores no auditório da sede da entidade, o painel com o logo das empresas parceiras da federação não estava exposto na entrevista desta sexta.

Após a coletiva, encerrada no início da tarde desta sexta, a assessoria de imprensa da CBF informou que não houve tempo para instalar a tela em que os patrocinadores são exibidos. Mais tarde, por e-mail, disse à Folha que o uso do backdrop é restrito a eventos que tratem de seleção brasileira.

Na posse do cartola como mandatário da entidade, em abril, porém, havia imagens dos patrocinadores atrás de Del Nero –o evento não tinha ligação com a seleção.

Na coletiva, Del Nero evitou defender Marin, que foi detido na quarta-feira (27), em Zurique, na Suíça. E afirmou ainda que não sabia dos esquemas.

"É triste [a prisão de Marin]. Mas temos que tomar providências. Ficamos chateados, mas temos que exercer a função a favor da CBF. E eu não tinha conhecimento [do esquema]. Não assinei nenhum contrato na administração do Marin", disse Del Nero, que era vice-presidente da CBF na gestão de Marin.

"A função do vice é colaborar com o presidente com aquilo que ele precisa. Vice-presidente não manda. Ele cumpre. Exatamente como um diretor. E eu procurava ser um bom diretor", afirmou

O dirigente desembarcou na manhã desta sexta-feira no Rio após abandonar o Congresso da Fifa. A saída do presidente da CBF surpreendeu a entidade máxima do futebol.

Segundo Del Nero, a decisão foi tomada com o intuito de dar satisfação ao Brasil.

"Resolvi partir da Suíça para poder, de forma positiva e correta, cumprir e dar as explicações necessárias, não só às autoridades, como para a imprensa", afirmou.

Del Nero foi questionado sobre as investigações do Departamento de Justiça dos EUA que indicam que Marin teria dividido com ele propinas recebidas. Ao ser indagado se seria o "co-conspirador 12", suspeito cujo nome não foi divulgado citado em relatório da investigação do FBI, ele negou.

"Eu não sou porque não recebi nada, e nem receberia. Isso tem que perguntar para quem está investigando", limitou-se a dizer Del Nero.

De acordo com o FBI, tal suspeito tem cargo de alto escalão na CBF e na Conmebol, além de ser membro do Comitê Executivo da Fifa, como o cartola.


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