Folha de S. Paulo


Del Nero chega ao Brasil e convoca reunião para discutir ameaça de CPI

O presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Marco Polo Del Nero, desembarcou na manhã desta sexta-feira (29), no Rio de Janeiro, após abandonar o Congresso da Fifa, em Zurique, na Suíça. Em sua chegada ao país, o mandatário falou com o SBT.

Ele deixou a Europa um dia antes da eleição para presidente da Fifa, que está marcada para hoje. No aeroporto do Galeão, no Rio, Del Nero disse que a prisão do ex-presidente José Maria Marin o deixou "profundamente chocado".

"O que aconteceu, com essa prisão, fez com que eu voltasse para o Rio de Janeiro, para a CBF, para acompanhar os fatos de perto e para prestar todos os esclarecimentos necessários", afirmou Del Nero, em entrevista exclusiva ao SBT no desembarque no aeroporto do Galeão.

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O cartola ainda desejou sorte ao ex-presidente, que permanece preso após o escândalo de corrupção na Fifa.

"Na medida que a Fifa determina o banimento do presidente José Maria Marin, que esperamos que tenha sorte no seu processo, que consiga fazer as provas necessárias a seu favor, a entidade e a diretoria entendeu de deixar fora pelo menos momentaneamente", comentou o dirigente.

A Folha apurou que Del Nero marcou já para esta sexta-feira uma reunião com dirigentes da CBF. O encontro será realizado na sede da entidade.

"Estou aqui na CBF dia a dia para mostrar o nosso comportamento a nossa lisura no trabalho", afirmou o cartola.

A provável instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Senado foi um dos motivos que fizeram o presidente da CBF abandonar o Congresso da Fifa.

Ele prefere estar no Brasil para tentar desarticular a CPI, da qual seria o principal alvo. Del Nero disse a aliados que teme pelo seu mandato na CBF.

Ele abandonou o congresso para retornar ao Brasil em meio ao escândalo que levou à prisão do ex-presidente da entidade José Maria Marin na cidade suíça.

A informação foi divulgada pela assessoria da Fifa, que foi pega de surpresa pela saída repentina do cartola nesta quinta-feira (28).

O presidente da CBF decidiu deixar a Suíça no dia em que a Folha publicou que há indícios na investigação da Justiça dos EUA que o ligam a esquema de propina recebida por cartolas relacionada à Copa do Brasil, torneio que a CBF organiza.

Contudo, Del Nero não está, por ora, entre os indiciados na operação.

O cartola deveria participar, nesta sexta (29), da eleição que escolhe o novo presidente da Fifa.

Além do congresso, ele estaria na reunião extraordinária do comitê executivo da Fifa no sábado (30) –informação que o próprio Del Nero havia dado à Folha, em Zurique, na última segunda (25).

Neste encontro, a Fifa deve decidir sobre as vagas da Copa do Mundo destinadas aos continentes. A Conmebol, que reúne as seleções sul-americanas, pode perder a chance que tem hoje de disputar uma vaga na repescagem, além das quatro que já tem garantida em Copas.

Na quarta (27), quando a operação estourou em Zurique, Del Nero não escondeu a tensão ao conversar com os jornalistas. Disse que a situação era "péssima" para a imagem da CBF. Depois, no entanto, ele determinou a retirada do nome de Marin da sede da CBF no Rio.

Conforme a Folha publicou na edição da quinta (28), documentos da investigação dos EUA mostram que Marin dividiria com Del Nero e o também ex-presidente Ricardo Teixeira suborno de R$ 2 milhões para fechar a venda dos direitos comerciais da Copa do Brasil para empresas de marketing esportivo.

OUTRO LADO

Segundo o diretor financeiro da CBF, Rogério Caboclo, não houve "fuga" de Del Nero. "O presidente Marco Polo é uma pessoa inquieta e quer estar no Brasil próximo da sua diretoria neste momento", disse Caboclo.


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