Folha de S. Paulo


Com Blatter favorito e em crise, Fifa realiza eleição nesta sexta

Em meio ao escândalo com a recente prisão de sete cartolas há dois dias, a Fifa realiza nesta sexta-feira (29) em Zurique a eleição para escolha de seu novo presidente. O suíço Joseph Blatter é favorito à reeleição a um quinto mandato.

Ao todo, 209 federações têm direito a voto. São dois candidatos na disputa: Blatter e o príncipe da Jordânia e vice-presidente da entidade, Ali bin Al-Hussein.

Pelas regras, na primeira votação quem atingir dois terços do voto vence a disputa. Caso contrário, ocorre um novo "round", bastando maioria simples para que um candidato saia vencedor.

A expectativa é que Blatter possa ter votos para levar já no primeiro turno. O dirigente suíço tem o apoio declarado das confederações sul-americana, asiática, africana e da América Central, do Norte e Caribe (Concacaf).

O príncipe da Jordânia tem o apoio oficial da Uefa, que dirige o futebol europeu com 54 membros filiados à Fifa _pelo menos 45 teriam fechado apoio a ele.

O príncipe aposta ainda que pode conquistar mais 60 votos de fora da Europa, estimativa considerada alta pelos cartolas em Zurique.

Nesta quinta, na abertura do congresso, Blatter admitiu em discurso que a Fifa vive uma crise "sem precedentes" após a prisão dos cartolas na última quarta-feira (27), entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin, todos acusados de corrupção pelas autoridades americanas.

Ele, no entanto, atribuiu a terceiros a responsabilidade por colocarem a entidade no centro do maior escândalo de sua história. Disse não poder "monitorar todo mundo a toda hora" e afirmou que não permitirá que "poucos" destruam um "árduo trabalho" feito pela maioria pelo futebol. "Ações individuais trazem vergonha e humilhação e demandam ação e mudança de nós todos", disse.

"Os corruptos no futebol são uma pequena minoria, como na sociedade", disse o dirigente. "Não pode haver lugar para qualquer tipo de corrupção. Os próximos meses não serão fáceis para a Fifa. Estou certo de que mais notícias ruins virão", ressaltou.

Paul Ellis - 8.set.2014/AFP
Ali bin Al-Hussein, príncipe da Jordânia, durante evento em Manchester
Ali bin Al-Hussein, príncipe da Jordânia, durante evento em Manchester

DEL NERO FORA

O presidente da CBF, Marco Polo del Nero, não estará presente na votação. Ele abandonou o Congresso em Zurique para retornar ao Brasil em meio ao escândalo.

A informação foi divulgada pela assessoria da Fifa, pega de surpresa pela saída repentina do cartola nesta quinta-feira (28).

"Ele [Del Nero] informou à Fifa que retornou ao Brasil, mas não explicou os motivos", disse a entidade à Folha.

Del Nero decidiu deixar a Suíça no mesmo dia em que a Folha publicou que há indícios na investigação do Departamento de Justiça dos EUA que podem envolvê-lo no esquema de propina relacionada à Copa do Brasil, competição de clubes organizada pela CBF.

Segundo a Fifa, Del Nero, que apoia a reeleição do presidente Joseph Blatter, pode designar outra pessoa para votar no seu lugar na eleição.

Além do congresso, ele estaria na reunião extraordinária do comitê executivo da Fifa no sábado (30) –informação, inclusive, que o próprio havia dado à Folha, em Zurique, na última segunda-feira (25).

Neste encontro, a Fifa deve decidir sobre as vagas da Copa do Mundo destinadas aos continentes. A Conmebol, que reúne as seleções sul-americanas, pode perder a chance que tem hoje de disputar uma vaga na repescagem, além das quatro que já tem garantida.


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