Folha de S. Paulo


Del Nero abandonou congresso da Fifa para tentar desarticular CPI no Brasil

A provável instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Senado foi um dos motivos que fizeram Marco Polo Del Nero abandonar o Congresso da Fifa, em Zurique, nesta quinta-feira (28).

Ele prefere estar no Brasil para tentar desarticular a CPI, da qual seria o principal alvo. Del Nero disse a aliados que teme pelo seu mandato na CBF.

Ele abandonou o congresso para retornar ao Brasil em meio ao escândalo que levou à prisão do ex-presidente da entidade José Maria Marin na cidade suíça. O dirigente desembarcou no Rio de Janeiro no início da manhã desta sexta-feira e já convocou uma reunião na sede da entidade.

A informação da saída de Del Nero do congresso foi divulgada pela assessoria da Fifa, que foi pega de surpresa.

"Ele [Del Nero] não explicou os motivos", disse a assessoria da entidade.

O presidente da CBF decidiu deixar a Suíça no dia em que a Folha publicou que há indícios na investigação da Justiça dos EUA que o ligam a esquema de propina recebida por cartolas relacionada à Copa do Brasil, torneio que a CBF organiza.

Contudo, Del Nero não está, por ora, entre os indiciados na operação.

O cartola deveria participar, nesta sexta (29), da eleição que escolhe o novo presidente da Fifa.

Segundo a Fifa, Del Nero, que apoia a reeleição do presidente Joseph Blatter, pode designar outra pessoa para votar no seu lugar na eleição.

Os outros dois representantes da CBF no congresso, que viajaram à convite da CBF, são o presidente da Federação Goiana de Futebol, André Pitta, e o presidente da Federação Cearense de Futebol, Mauro Carmélio, que irão representá-lo no pleito.

Além do congresso, ele estaria na reunião extraordinária do comitê executivo da Fifa no sábado (30) –informação que o próprio Del Nero havia dado à Folha, em Zurique, na última segunda (25).

Neste encontro, a Fifa deve decidir sobre as vagas da Copa do Mundo destinadas aos continentes. A Conmebol, que reúne as seleções sul-americanas, pode perder a chance que tem hoje de disputar uma vaga na repescagem, além das quatro que já tem garantida em Copas.

Na quarta (27), quando a operação estourou em Zurique, Del Nero não escondeu a tensão ao conversar com os jornalistas. Disse que a situação era "péssima" para a imagem da CBF. Depois, no entanto, ele determinou a retirada do nome de Marin da sede da CBF no Rio.

Conforme a Folha publicou na edição da quinta (28), documentos da investigação dos EUA mostram que Marin dividiria com Del Nero e o também ex-presidente Ricardo Teixeira suborno de R$ 2 milhões para fechar a venda dos direitos comerciais da Copa do Brasil para empresas de marketing esportivo.

OUTRO LADO

Segundo o diretor financeiro da CBF, Rogério Caboclo, não houve "fuga" de Del Nero. "O presidente Marco Polo é uma pessoa inquieta e quer estar no Brasil próximo da sua diretoria neste momento", disse Caboclo.

Marcelo Pliger/Editoria de Arte/Folhapress

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