Folha de S. Paulo


Platini pediu para Blatter deixar a Fifa após escândalo

Depois de duas horas de reunião, os dirigentes da Uefa, entidade que dirige o futebol europeu, decidiram não boicotar a eleição para presidente da Fifa marcada para esta sexta-feira (28).

Os cartolas da Uefa mantiveram o discurso de apoio ao príncipe da Jordânia, Ali bin Al-Hussein, vice-presidente da entidade e único adversário do presidente Joseph Blatter, favorito à reeleição a um quinto mandato.

A eleição será realizada durante o congresso que começa nesta quinta (28) em Zurique com as 209 federações com direito a voto. A Uefa tem 54 membros. "Teremos a maioria das associações europeias apoiando príncipe Ali", disse o presidente da Uefa, Michel Platini. Ele disse acreditar em pelo menos 45 votos da entidade para o adversário de Blatter.

Na tarde de quarta (27), dirigentes da Uefa ameaçaram boicotar a eleição após a operação policial que prendeu sete cartolas da Fifa em Zurique, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin –todos acusados de corrupção pelas autoridades americanas. 

Parte dos membros da entidade europeia, porém, resistia ao movimento de boicote, preferindo marcar posição pelo voto contra o adversário de Blatter. O presidente da Federação holandesa, Michael van Praag, que desistiu de concorrer ao cargo, afirmou aos jornalistas que o boicote não teria efeito e daria uma vitória tranquila a Blatter.

Em entrevista coletiva, Michel Platini disse que pediu pessoalmente para Blatter renunciar ao cargo nesta quinta. "Eu disse que ela deveria renunciar, reconhecer. Mas ele me disse que era muito tarde, que o congresso já iria começar", contou o francês, que afirmou não estar arrependido de ter desistido de disputar a eleição.

"Eu disse que ela deveria renunciar, reconhecer. Mas ele me disse que era muito tarde, que o congresso já iria começar."

Platini disse ainda que, com a vitória de Blatter, as relações entre Uefa e Fifa vão mudar. Ele não descartou nem mesmo boicotar a Copa. "Todas as opções estão abertas. Se ele vencer, vamos discutir nossas relações com a Fifa", afirmou o francês.

REINO UNIDO

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, pediu nesta quinta (28) que o suíço Joseph Blatter renuncie ao cargo. Cameron é a favor de uma reforma da entidade e que "apoia totalmente" a Federação Inglesa (FA) no suporte à candidatura do príncipe jordaniano Ali Bin al Hussein à presidência.

"A responsabilidade na administração do futebol é dos administradores do futebol, mas a FA apoia a candidatura do príncipe Ali. E nós apoiamos a FA", comentou um porta-voz.

O presidente da FA, Greg Dyke, declarou na quarta (27) que os supostos casos de corrupção na Fifa são "muito graves" e reiterou seu apoio ao príncipe jordaniano como candidato a presidente da entidade.

Dyke disse que duvida que a FIfa possa ser reformada com Blatter à frente e opinou que, "considerando as circunstâncias atuais", seria preciso avaliar "se é apropriado continuar adiante com as eleições" previstas para a sexta-feira.

PRESSÃO
Sob pressão diante do escândalo que atinge a imagem da Fifa, Blatter marcou reunião de emergência com os representantes das confederações continentais para discutir a crise. No encontro, teria novamente reforçado que não vai deixar o cargo antes da eleição desta sexta.
 
Mais cedo, ele cancelou presença agendada oficialmente em evento de medicina esportiva da Fifa marcado.
 
O diretor médico da Fifa, Jiri Dvorak, argumentou que o dirigente suíço disse que não poderia comparecer por causa das "turbulências" em curso.


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