Folha de S. Paulo


Com menos gols e minutos em campo, Brasil perde espaço na elite da Europa

O 7 a 1 diante da Alemanha foi a demonstração mais eloquente de que o futebol do Brasil não é mais o mesmo.

Mas o declínio pode ser visto sob outros ângulos.

A participação efetiva dos atletas brasileiros na elite do futebol europeu está aquém de anos anteriores.

Considerando as cinco maiores ligas nacionais do Velho Continente, os jogadores legalmente aptos a defender a seleção brasileira marcaram menos gols e permaneceram em campo por um menor tempo que na temporada anterior.

Como o Italiano ainda terá mais uma rodada disputada, o deficit pode ser reduzido. Mas será uma variação inexpressiva, insuficiente, portanto, para evitar um declínio –Espanhol, Inglês, Alemão e Francês já terminaram.

Em relação à temporada passada, o número de gols anotados por brasileiros nas cinco ligas mais importantes da Europa caiu 18,7%.

Foram apenas 196. Pouco em relação aos 241 de 2013/14. Muito pouco perto dos 374 marcados sete anos atrás.

O sucesso de Neymar, que marcou 22 vezes no Espanhol (contra nove da sua primeira temporada no Barcelona), menos apenas que Cristiano Ronaldo e Messi, foi um oásis nesse deserto de goleadores brasileiros no continente.

Editoria de arte/Folhapress

Mesmo quem anda em alta com Dunga não foi tão bem quanto antes. Firmino, atacante do Hoffenheim, fez sete gols no Alemão. No ano anterior, havia marcado 16.

Aquele que seria o maior artilheiro brasileiro na Europa depois de Neymar não entra na lista porque optou por defender a Espanha. Diego Costa, do Chelsea, balançou as redes 20 vezes no Inglês.

Além do maior astro brasileiro, apenas outros dois jogadores que poderiam ser convocados por Dunga ficaram entre os dez maiores artilheiros de uma das maiores ligas: Raffael (Borussia Mönchengladach) foi o oitavo no Alemão, com 12 gols, e Jonathas (Elche), o décimo no Espanhol, com 14 tentos.

O Brasil já vive uma seca de três anos sem emplacar o goleador máximo de um dos principais Nacionais europeus. O último foi Nenê (ex-Palmeiras e Santos), que marcou 21 gols pelo Paris Saint-Germain no Francês 2011/12.

O declínio brasileiro na elite europeia não se resume aos gols. Os atletas do país pentacampeão mundial também estão aparecendo menos nos gramados das competições.

Levantamento da Folha demonstra que o número de minutos em campo dos brasileiros inscritos nas cinco grandes ligas caiu 10,9% no período de um ano.

A soma das participações de todos os atletas do país nesses torneios na atual temporada é de cerca de 156 mil minutos. No ano pré-Copa, passou de 175 mil minutos.

A Juventus, adversária do Barcelona da Liga dos Campeões, é bom exemplo.

A campeã italiana tem dois brasileiros. Mas o goleiro Rubinho não disputou nenhuma partida oficial na temporada, e o meia Rômulo, envolto a contusões, só participou de 279 minutos da Série A.


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