Folha de S. Paulo


Desistências deixam príncipe como único rival de Blatter em eleição

Paul Ellis - 8.set.2014/AFP
Ali bin Al-Hussein, príncipe da Jordânia, durante evento em Manchester
Ali bin Al-Hussein, príncipe da Jordânia, durante evento em Manchester

Um príncipe contra o presidente da Fifa, Joseph Blatter. Assim deve ser a eleição para a presidência da entidade daqui a uma semana.

Numa tentativa de juntar forças para derrotar Blatter, o ex-jogador português Luís Figo e o dirigente holandês Michael Vaan Praag renunciaram às candidaturas para apoiar o príncipe Ali Bin al Hussein, da Jordânia.

Os gesto dos dois é um reconhecimento da fraqueza política de suas campanhas, que não conseguiram ameaçar o favoritismo de Blatter em obter um quinto mandato no congresso que será realizado entre os próximos dias 28 e 29 de maio, na Suíça.

As chances do príncipe da Jordânia de impedir a vitória do dirigente suíço são remotas. Sua candidatura deve se transformar numa espécie de palanque dos adversários de Blatter na eleição, além de receber boa parte dos votos das federações europeias contrárias a Joseph Blatter.

Ao justificar sua renúncia, Figo criticou a falta de debate entre os candidatos ao comando da entidade. Ao todo, 209 federações de futebol têm direito a voto nas eleições –a CBF, por exemplo, já manifestou apoio a Blatter.

"Haverá alguém que ache normal eleição para uma das mais relevantes organizações do planeta ocorrer sem um debate público?", disse Figo.

Em recente entrevista à Folha, o astro português afirmou que dirigentes de federações temiam "represálias" ao votar por mudanças na Fifa. Na nota divulgada nesta quinta (21), ele afirmou que durante a campanha assistiu a "episódios consecutivos, em diversos pontos do planeta, que devem envergonhar quem deseja um futebol livre, limpo e democrático".

"O que vai acontecer dia 29 de maio em Zurique não é um ato eleitoral normal", afirmou. Segundo ele, o futebol "não sairá ganhando" com a eleição da próxima semana.

Único candidato a enfrentar Blatter, se não desistir até lá, obviamente, o príncipe da Jordânia tem 39 anos, é vice-presidente da Fifa desde 2011 e filho do terceiro casamento do falecido rei Hussein.

Virou cartola em 1999, como presidente da Associação Jordaniana de Futebol. Desde então, passou a ter influência no futebol, sobretudo na "West Asian Football Federation", uma espécie de federação do Oeste Asiático.

Uma de suas bandeiras recentes foi a defesa da publicação do relatório do promotor americano Michael Garcia sobre o suposto esquema de corrupção no processo de escolha das sedes das Copas de 2018 (Rússia) e 2022 (Qatar).

A Fifa não divulgou o documento, que envolve ex-membros do comitê executivo, entre eles o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira.

Nesta quinta, o príncipe da Jordânia elogiou Figo e Praag, com quem havia se encontrado semana passada, quando surgiram os rumores de que poderiam desistir.

"Figo é uma estrela que tem sido uma inspiração incrível para muitos", disse o jordaniano. Joseph Blatter, não teve adversários na última eleição, em 2011.

Na sexta passada (15), ele enviou uma carta aos membros da entidade em que defendeu a manutenção do "espírito de solidariedade".

"Vamos compartilhar os nossos recursos, nosso conhecimento e as nossas oportunidades para o bem maior", disse Joseph Blatter.


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