Folha de S. Paulo


Comissão de R$ 18 milhões é alvo de investigação interna no São Paulo

Ricardo Nogueira - 21.abr.2015/Folhapress
Aidar acompanha treino do São Paulo
Aidar acompanha treino do São Paulo

Com suspeita de irregularidades, uma comissão interna no São Paulo vai investigar o pagamento de R$ 18 milhões a uma empresa de Hong Kong pela intermediação do contrato entre o clube e a Under Armour, nova fornecedora de material esportivo.

O acordo para o pagamento gerou questionamentos no clube pelo alto valor e pelo fato de a empresa, chamada Far East Global, não ser conhecida no mercado e estar sediada em um paraíso fiscal.

Em reunião no Morumbi nesta terça (19) à noite, o presidente do conselho, Carlos Augusto de Barros e Silva, conhecido como Leco, retirou o contrato de comissionamento da votação, que o aprovaria ou não.

"Retirei da pauta contra a vontade do presidente [Carlos Miguel Aidar] e de alguns diretores, entendendo que o contrato não estava apto a ser votado. Não está identificada a pessoa que assina. Fui informado que no endereço da empresa não tem ninguém. Tem toda cara de ser uma offshore", afirma Leco.

Offshore é empresa sem endereço físico e criada em um paraíso fiscal.

"Uma transação desse nível não pode ser votada assim. O contrato tem que ser muito bem explicado", completa o presidente do Conselho Deliberativo.

Leco nomeou uma comissão para analisar o caso. Três conselheiros vão compor o grupo: Arthur Eliseu da Silva, Joandre Ferraz e Marcelo Marcucci Portugal Gouvêa. Este último é filho do ex-presidente do clube, Marcelo Portugal Gouvêa, que comandava o clube quando foi campeão mundial em 2005.

Os R$ 18 milhões de comissão representam 15% do valor total do contrato que o São Paulo tem a receber da empresa norte-americana Under Armour, de R$ 122 milhões.

OUTRO LADO

Questionada sobre a investigação interna, a diretoria do São Paulo assegura que não há irregularidade nesta transação e que a empresa não é uma offshore.

O presidente do clube, Carlos Miguel Aidar, deve protocolar nos próximos dias um pedido de convocação de uma reunião extraordinária do conselho somente para a votação do contrato de comissionamento.

A diretoria afirmou ainda, por meio de sua assessoria de imprensa, que abre todos os contratos para o conselho, ao contrário do que acontecia antes, quando Juvenal Juvêncio era presidente.

Procurada pela reportagem para comentar o pagamento da comissão, a Under Armour preferiu não se manifestar sobre o assunto.


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