"Luta do século" o embate entre o norte-americano Floyd Mayweather Jr. e o filipino Manny Pacquiao não foi. Ao menos dentro do ringue.
Sim, o combate envolveu cifras milionárias. Sim, houve a polêmica do resultado (vitória por pontos de Mayweather ). Sim, a luta foi importante historicamente.
Mas faltou o drama de Muhammad Ali x Joe-Frazier na primeira e segunda luta entre eles nos anos 1970 ou a troca de golpes selvagem e o final emocionante de Marvin Hagler x Thomas Hearns, em 1985, com a qual "Money-Pacman" (apelidos de Mayweather e Pacquiao) foi comparada na promoção. Neste século 21 já houve um duelo bem superior em termos artísticos, Diego Corrales x Jose Luis Castillo, em 2005.
Na madrugada de domingo (3) não houve quedas. Ninguém bambeou. Não houve golpes non-stop. A luta foi morna.
Previ por diversas vezes a vitória de Mayweather, por pontos, em uma luta "chata".
Mayweather lutou da forma como sempre faz, privilegiando a defesa, contragolpeando, lançando mão do jogo de pernas, velocidade, desferindo golpes retos para manter o adversário à distância e anular sua agressividade.
Ser o melhor lutador do mundo não quer dizer produzir os melhores combates.
O filipino não transformou o duelo em uma briga, com trocas francas de golpes, o que o favoreceria amplamente. Foi mais agressivo com as pernas, caminhou sempre para a frente, perseguindo o rival. Mas com os punhos, que é o que importa, não foi eficiente como em outras lutas.
Assisti um duelo parelho, mas também vi a vitória de Mayweather por 115 a 113 –os três jurados deram a vitória ao norte-americano por 116 a 112 (dois deles) e 118 a 110.
Se o combate tivesse ocorrido há cinco anos, quando as negociações iniciaram, talvez o resultado fosse outro...
O melhor para determinar se no ringue o combate mereceu ser chamado de "luta do século" é responder com sinceridade: "eu pagaria, de boa vontade, o pay-per-view para ver uma revanche?"
Falta muito tempo até o fim do século para uma "luta do século" acontecer. Talvez seja até o próximo e derradeiro duelo de Mayweather, em setembro, quando ele (48 vitórias) tentará igualar o lendário campeão dos pesados Rocky Marciano, que chegou a 49 lutas invictas e parou.