Folha de S. Paulo


Destaque do Santos, Lucas Lima mira 1º título na carreira e seleção

Ricardo Nogueira/Folhapress
Lucas Lima durante entrevista exclusiva após treino do Santos
Lucas Lima durante entrevista exclusiva após treino do Santos

Destaque do Santos na final do Campeonato Paulista, a história do meia Lucas Lima, 24, poderia ser outra não fosse o pai Roberto Carlos.

Há cinco meses, o jogador de 24 anos recebeu propostas milionárias de Udinese e Torino. Até cogitou ir para o futebol italiano, mas os conselhos do pai mudaram os planos do camisa 20 santista.

"Meu pai disse para eu pensar bem antes de decidir porque dinheiro não é tudo. A minha felicidade é mais importante e continuar no Brasil, jogando com uma camisa de peso como a do Santos, poderia me aproximar dos meus objetivos: ser campeão e defender a seleção", revelou Lucas Lima durante entrevista à Folha, em Santos.

O primeiro objetivo de Lucas Lima pode ser alcançado já neste domingo (3). Se o Santos vencer o Palmeiras por dois gols de diferença será campeão na Vila Belmiro -o rival venceu o primeiro jogo por 1 a 0 e joga por um empate..

O segundo não é possível saber, embora o jogador acredite que o título estadual ajudará. Ele ainda sonha em jogar a Copa América do Chile – a convocação é terça (5).

"Quero chegar à seleção e sei que somente jogadores campeões são convocados. Tudo pode começar com esse título", espera o meia.

A alegria pela chance de ser campeão agora apaga a frustração que sentiu ano passado, quando ficou fora até do banco de reservas do Santos nos dois jogos da final do Paulista contra o Ituano.

MORTADELA FRITA

Hoje Lucas Lima é o destaque do Santos como o jogador de criação. São cinco assistências que resultaram em gols e outros 61 passes para finalização dos companheiros, segundo o site Footstats.

As atuações fizeram ele ser incluído na seleção do Campeonato Paulista. O momento atual contrasta com o início da carreira quando peregrinou por clubes menores.

Natural de Marília, tentou carreira na Chapecoense-SC. Não vingou. Foi para o Rio Preto-SP e não deu certo. Aí surgiu o José Bonifácio-SP, última chance de virar jogador.

Editoria de Arte/Folhapress

"Tinha retornado para Marília quando recebi a ligação de um amigo que indicou o José Bonifácio. Ele me alertou que não era um clube que tinha muitas condições, mas eu aceitei", recorda o meia.

"Ao chegar lá vi que as condições não eram nada boas. Um amigo que estava comigo desistiu durante o jantar, que foi arroz com mortadela frita. Eu decidi ficar porque sabia que precisava jogar para ter uma chance na carreira. Tudo que passei faz eu dar mais valor ao que tenho hoje."

e estava certo. Após algumas apresentações na segunda divisão da categoria sub-20, surgiu o convite para jogar a Copa São Paulo de futebol júnior pelo América-SP.

Em seguida, foi contratado pela Internacional de Limeira, onde se profissionalizou.

Foram quatro anos no clube até se transferir para o Internacional-RS, onde admite que sentiu-se pela primeira vez um jogador de verdade.

Atuou no Brasileiro de 2012 e depois foi emprestado ao Sport para a Série B de 2013. Só chegou ao Santos em janeiro de 2014, mas foi se firmar como titular me julho.

QUASE PALMEIRAS

O rival deste domingo (3) já esteve diante do caminho de Lucas Lima duas vezes.

Primeiro em 2011, quando recebeu um convite para treinar na equipe B alviverde. Aconselhado pelo técnico Lelo, da Inter de Limeira, desistiu. O treinador disse ao meia que tivesse paciência porque ele tinha potencial para defender o time principal. Aí surgiu o Internacional.

A outra vez foi em dezembro de 2013. O Palmeiras chegou a fazer uma proposta ao Internacional, mas inferior a do Santos, que teve ajuda do fundo maltês Doyen Sport, hoje dono de 80% do meia.

Agora, Lucas Lima admite que vive o melhor momento da carreira. Já recebeu sondagens do Cruzeiro, mas não pensa em sair do Santos, exceto para o exterior.

"É um desejo também. Mas primeiro penso em ficar onde posso jogar e aparecer. O objetivo é seleção", resume.

VAIDOSO

Lucas Lima mora sozinho em Santos, mas está sempre em contato com os pais Roberto Carlos e Sueli e o irmão João Pedro, que tem 15 anos.

Ele diz que é tranquilo e que sai pouco de casa. Mas tem uma característica impossível de não notar: a preocupação com a aparência.

Ele admite que se preocupa muito com a aparência. Além de manter um topete, ter feito luzes para parecer loiro, tem seis tatuagens. Uma dedicada a mãe, outras com mensagens religiosas (ele é evangélico) e uma inspirada no inglês David Beckham, de quem ele é fã.

"Fiz essa cruz com asas [na nuca] inspirada numa tatuagem que o Beckham. Mas já prometi para minha mãe que foi a última. Não vou fazer nem pelo título", brinca.


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