Folha de S. Paulo


CBF rejeita 'árbitro fraco' e cobra mais rigor contra as reclamações

"O futebol não pode ser vítima de árbitros fracos."

O que poderia ser uma expressão usada por algum cartola, técnico ou jogador, na verdade, faz parte do texto de uma recente orientação da Comissão de Arbitragem da CBF aos juízes e assistentes.

O documento, ao qual a reportagem teve acesso, foi enviado aos árbitros no dia 13 de abril e os orienta a punir com cartão vermelho reclamações mais veementes de jogadores e treinadores.

No quarto parágrafo, o texto diz que o "futebol não pode ser vítima nem de árbitros fracos, nem de jogadores ou dirigentes indisciplinados". A CBF promete afastar os árbitros que não usarem o cartão vermelho para coibir reclamações, ofensas ou até o uso de ironia, como aplausos após marcação duvidosa.

Rubens Cavallari-11.abr.2015/Folhapress
Ralf (esq.) e Vagner Love reclamam com o árbitro Flavio Rodrigues de Souza durante jogo do Paulista
Ralf (esq.) e Vagner Love reclamam com o árbitro Flavio Rodrigues de Souza durante jogo do Paulista

"As reclamações à arbitragem estão passando do limite do tolerável. Vários jogadores e treinadores partindo para cima do árbitro, isso inflama a torcida contra a arbitragem. A orientação é que o árbitro seja enérgico e puna", disse o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa.

A orientação já foi levada em conta no último domingo (26) pelo árbitro Vinícius Furlan, durante a primeira partida das finais do Paulista, entre Palmeiras e Santos.

Os técnicos Oswaldo de Oliveira, do Palmeiras, e Marcelo Fernandes, do Santos, foram expulsos após reclamarem no intervalo do jogo. Oswaldo invadiu o campo e queixou-se da atuação do juiz. Já Fernandes diz ter reagido à reclamação do rival.

Na segunda-feira (27), um dia depois da partida, houve um congresso técnico na sede da CBF, no Rio, em que compareceram 17 dos 20 treinadores dos times da Série A, entres eles Oswaldo e Fernandes. Todos receberam uma cópia do documento.

Corrêa cita um caso que, segundo ele, fez com que o respeito pelos árbitros diminuísse. No dia 11 de agosto de 2014, o corintiano Petros trombou no juiz Raphael Claus na vitória por 1 a 0 sobre o Santos. Inicialmente ele foi condenado pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) a seis meses de suspensão, por agressão, mas após recurso corintiano a pena caiu para três jogos.

"Aí o jogador acha que pode fazer o que quiser. Depois que a pena caiu, vimos uns cinco casos em que o árbitro foi atingido. Não é que o árbitro seja dodói, mas é preciso ter respeito à autoridade", diz o dirigente da CBF.

A Anaf (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol) se diz favorável à orientação de punir o árbitro "fraco", mas pede que o nome do profissional afastado não seja divulgado. A CBF avisou que não vai expor esses juízes.


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