Folha de S. Paulo


Poluição faz Mundial de surfe excluir praia de São Conrado da etapa do Rio

A praia de São Conrado foi vetada da etapa brasileira do Campeonato Mundial de 2015 por causa dos altos índices de poluição da água. O evento acontece entre 11 e 22 de maio.

Desde 2008 a praia é qualificada como péssima pelo Inea (Instituto Estadual do Ambiente) e considerada imprópria para banho.

A praia era a opção reserva dos organizadores caso as ondas da titular, da Barra de Tijuca, não estivessem boas o bastante. Agora, a alternativa será na própria praia da Barra, mas num outro local, na altura do posto seis.

"Em nome da WSL (World Surf League), a atitude é bem clara. Não há condições de fazer o campeonato em São Conrado e garantir a segurança da água para os atletas e a segurança da imagem do associação e da cidade. Então nós tivemos que mudar esse pico alternativo para o meio da Barra da Tijuca. Os atletas queriam São Conrado, mas nós tivemos que mudar", afirma o ex-surfista Teco Padaratz, que trabalha na organização da etapa brasileira do Mundial.

"É um projeto que já nasceu furado. As condições da praia de São Conrado são ruins há muito tempo. Me surpreende que a organização tenha marcado o campeonato lá. Alguns atletas que não estão acostumado a treinar no Rio pediram que o evento acontecesse lá porque as ondas são boas, mas que a praia é muito suja não é notícia nova. Acho que faltou conhecimento. Não poderiam ter deixado essa avaliação para a última hora", diz o diretor executivo da Associação Brasileira de Surfe Profissional, Pedro Falcão.

Em 2014, a praia já havia sido vetada do campeonato pelo mesmo motivo.

"Não me lembro de uma situação assim (praia vetada por poluição) em outro lugar do Mundial. Lembro uma vez que tivemos que parar uma competição por causa da invasão de golfinhos", afirma Padaratz.

A série de obras da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgoto), Sena Limpa, que visa melhorar a qualidade da água, tinha conclusão prevista para 2014, mas isso só deve acontecer em 2016. Os serviços previstos são a implantação de 615 metros de coletores auxiliares para ampliar o sistema de esgotamento sanitário da favela do Vidigal, que fica no bairro, a ampliação de duas linhas que bombeiam o esgoto para a Estação Elevatória do Leblon, que segundo a Cedae são antigas e sofreram desgaste de material por conta da maresia, além da ampliação e reforma da elevatória de São Conrado.

Em nota, a companhia informou que "o projeto fará a modernização do sistema de esgotamento sanitário da Bacia da Praia de São Conrado e contribuirá para elevar as condições de balneabilidade das águas daquela praia, indo ao encontro dos compromissos assumidos com o Comitê Olímpico Internacional (COI)".

"A gente quer que essa obra se conclua logo para que possamos usar a praia que tem uma das melhores condições de surfe da cidade. Já imaginou ficar mais de dez dias esperando ondas boas e não poder usar a praia de São Conrado porque está suja?", diz o presidente da Federação de Surfe do Rio de Janeiro, Abílio Fernandes.


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