Folha de S. Paulo


'É preciso sentir o futebol', diz Simeone, que enfrenta o Real

Diego Simeone, 44, não gosta da expressão "cholismo". Criada para designar o estilo do treinador do Atlético de Madrid (conhecido como "Cholo"), significa um estilo agressivo de jogar futebol, em que a posse de bola não chega a ser prioridade.

"Minha equipe tem uma maneira de atuar. Isso é cholismo?", questiona o argentino à Folha.

Nesta quarta, 22, Simeone, o Atlético e o cholismo podem ter um dia de glória. A equipe enfrenta o Real Madrid, pelas quartas de final da Liga dos Campeões da Europa. O primeiro confronto terminou empatado em 0 a 0.

"Não vejo outra maneira de ganhar de um time como o Real Madrid que não seja com intensidade. Porque tecnicamente, a equipe deles é excelente", afirma o técnico. Melhor ofensivamente do que o seu Atlético, reconhece.

Intensidade. Entrega. Sacrifício. Palavras que formam a catequese do "cholismo" e são as armas de Simeone para surpreender o Real Madrid. Algo que ele quase conseguiu no ano passado. Esteve a 20 segundos de ganhar a final do torneio europeu do arquirrival. Levou o gol de empate nos acréscimos e depois perdeu na prorrogação.

"É outro jogo, outro momento. Não guardo lembranças ruins", desconversa.

Apesar do discurso, a conta de Simeone no Whatsapp estampava até esta terça (21) a mensagem: "Estes dias serão de grandes histórias".

Um dos treinadores mais cobiçados do futebol europeu, ele renovou contrato com o Atlético até 2020. Desperta admiração de colegas brasileiros, como Dunga. E é adorado pelos atletas. O meia turco Arda Turan já disse que, se pudesse, abriria o peito, arrancaria o coração e entregaria para o técnico.

"Liderança é algo muito simples. Se você acredita na liderança de alguém, segue essa pessoa. Se não acredita, não segue. As pessoas acham que pode ser algo complicado, mas não vejo dessa forma. No meu conceito do futebol, o sacrifício não é algo que pode ser negociável", afirma.

Isso significa que o Atlético fará de tudo para frustrar o Real em campo: marcar forte, tentar diminuir a velocidade da partida e, quando roubar a bola, contra-atacar.

"Já usaram uma opinião minha sobre posse de bola para insinuar que eu estava criticando o Barcelona, o que eu jamais faria. Mas cada time tem sua característica e existem muitas maneiras de ganhar uma partida", diz.

A tal frase que resultou em polêmica é que não adianta ficar com a bola o tempo todo se o jogador não sabe o que fazer com ela.

Tudo o que Simeone prega reflete o que foi como atleta: um volante de entrega total em campo. Alguém que, na Inter da Itália, tentava se concentrar antes de entrar em campo e se espantava como o brasileiro Ronaldo era capaz de brincar até com os adversários no túnel.

"Eu acredito que futebol é algo que você deve sentir. Eu sei que os jogadores não me veem ou ouvem quando estou gritando e pulando fora do campo. Mas não sei agir de outra forma", completa.

Assim é o cholismo. A ver se será suficiente para deter Cristiano Ronaldo e cia.

NA TV

R. Madrid x A. de Madrid

15h45 ESPN Brasil


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