Folha de S. Paulo


Del Nero diz que compra de imóvel é lícita; Romário vai pedir investigação

O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, disse que está disposto a "prestar qualquer declaração" sobre a compra de duas coberturas dúplex em menos de um ano na praia da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.

Uma delas Del Nero adquiriu do empresário Wagner Abrahão, parceiro comercial da CBF, conforme a Folha revelou nesta quinta (16).

Na compra registrada em fevereiro, o cartola prometeu pagar R$ 5,2 milhões pela cobertura, sendo R$ 4,8 milhões em dinheiro, além de repassar por R$ 410 mil mais um saldo devedor (não revelado) um dúplex semelhante no mesmo condomínio.

Nove meses antes, Del Nero havia comprado o apartamento repassado ao empresário por R$ 1,6 milhão, abaixo do valor de mercado. Cada dúplex de luxo tinha mais de 200 metros quadrados e quatro vagas de garagem.

"Não podemos achar que tudo é ilícito e sujo. Estou disposto a prestar qualquer declaração", afirmou o novo presidente da CBF, que assumiu nesta quinta o cargo para administrar o futebol brasileiro até 2019.

O cartola disse que preferiu comprar o dúplex de Abrahão porque a sua primeira cobertura no condomínio tinha uma visão limitada do mar, precisava de reforma, além de ser menor que a outra.

Segundo a prefeitura, a diferença é de um metro quadrado entre os dois dúplex.

Editoria de arte/Folhapress

NO ATAQUE

Nesta quinta-feira, o senador Romário (PSB-RJ) disse que pedirá ao Ministério Público que investigue a compra de duas coberturas dúplex por Del Nero.

"Esses caras são corruptos. Espero que o Ministério Público e a Receita façam uma devassa na CBF. Uma operação dessa não se explica. O cara vende uma cobertura e ganha outra parecida. Além de corruptos, são mágicos", ironizou o senador, que vai mandar até esta sexta (17) ofício para o Ministério Público.

Em 2012, Romário colheu assinaturas para instalar uma CPI sobre a CBF, que acabou não sendo aberta. O contrato firmado entre a CBF e a TAM era o principal ponto da investigação.

Na época, a Folha revelou que quatro empresas de Abrahão foram indicadas pela CBF como beneficiárias do contrato de patrocínio da seleção com a TAM. Após a divulgação, o contrato foi cancelado pela companhia aérea.

"A CBF tem que passar por um processo de transparência. Espero que apareça um juiz como o [Sérgio] Moro para investigá-los e colocá-los na cadeia", disse Romário, referindo-se ao magistrado da Operação Lava Jato.


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