Folha de S. Paulo


Medina tem o pior início de um campeão desde Slater em 2009

Surfista-sensação de 2014, o paulista Gabriel Medina entrou na temporada 2015 do Mundial como o cara a ser batido. E está sendo, uma, duas, três vezes.

É o pior início de um campeão mundial na temporada seguinte ao título desde 2009, quando o norte-americano Kelly Slater, 43, ficou em 17º nas três primeiras provas.

Neste ano, na primeira etapa, em Gold Coast, na Austrália, Medina ficou em 13º ao ser eliminado por cometer uma interferência.

Na segunda, em Bells Beach, no mesmo país, caiu diante do compatriota Mineirinho e terminou em quinto.

Na terceira, em Margaret River, também na Austrália, perdeu para um surfista convidado e amargou a 25ª posição.

Em 2014, ele deixou Margaret River com a liderança nas mãos. Agora, não estará nem mesmo entre os dez primeiros quando a competição terminar –pode se estender até dia 26 de abril, mas o brasileiro já foi eliminado.

No Facebook, o surfista não se mostrou abatido apesar dos maus resultados.

"Foram quase dois meses aqui [na Austrália] e foi só o começo. Muita coisa para acontecer ainda", escreveu o atual campeão mundial.

Mas o fato é que Medina ainda não conseguiu mostrar seu potencial neste ano.

Muito em função das adversidades climáticas na Austrália e que não soube driblar, ele não é nem sombra do surfista campeão de 2014.

Em duas das três primeiras etapas, o mar não apresentou boas condições para o surfe.

Em Gold Coast, por exemplo, a organização foi obrigada a estender a janela de competição por dois dias.

Em Margaret River, as ondas irregulares, que tornam o surfe mais difícil, passaram dos cinco metros. A etapa chegou a ser paralisada por questão de segurança.

"O que está acontecendo em Margaret River é totalmente atípico. Não podemos falar só no desempenho do Medina. É tudo muito imprevisível, vira uma loteria. É cedo para julgá-lo", disse Fábio Gouveia, 45, um dos precursores do surfe brasileiro.

Medina foi indiscutivelmente bem em só uma bateria até aqui. Aconteceu no primeiro desafio da temporada, quando ganhou um 8.80 e um 9.50. Depois, o máximo que conquistou foi um 7.50.

Especialista em ondas gigantes, Carlos Burle, 47, também citou as adversidades climáticas da Austrália para explicar o início fraco de Medina, mas afirma que sentiu falta da ousadia que ajudou a consagrá-lo em 2014.

"Eu estou achando ele muito conservador. Ainda não vi aqueles 'manobrão' que ele gosta de fazer. Ele ganhou o título extrapolando e agora está com um surfe mais maduro", disse Burle.

Allan Menache, que cuida da preparação física de Medina, descarta problemas físicos. "Talvez a tática dele não tenha sido a melhor".

Agora, Medina volta ao Brasil para a etapa do Rio, que acontece em maio.

A reportagem tentou falar com ele por dois dias, mas sua assessoria não respondeu aos contatos.

INFLUENTE
Sem boas notícias quanto ao desempenho dentro do mar em 2015, Medina colhe frutos pelos resultados do ano passado, quando foi o primeiro brasileiro da história a vencer um Mundial de surfe. O feito o colocou na lista de pessoas mais influentes de 2014, segundo ranking da revista "Time", dos Estados Unidos.

Além do surfista, o bilionário Jorge Paulo Lemann foi outro brasileiro que entrou na lista de 100 nomes da publicação norte-americana.


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