Folha de S. Paulo


Jogador, pai de presidente da CBF tentou mudar regras do futebol

Divulgação
Quinto jogador em pé, da direita para a esquerda, pai de Marco Polo Del Nero defendeu o Palmeiras
Quinto jogador em pé, da direita para a esquerda, pai de Marco Polo Del Nero defendeu o Palmeiras

"Em caso de empate, seria declarado vencedor o time com maior número de escanteios a seu favor. Também não deveria ser marcado impedimento no rebote de uma bola na trave –independentemente da posição do jogador."

Essas eram algumas das particularidades do futebol imaginado por José Del Nero, pai de Marco Polo Del Nero, que assume a presidência da CBF nesta quinta-feira (16).

Jogador do Palmeiras no período de 1936 a 1945, disputando 247 partidas pelo clube, ele pretendia entregar uma carta com sugestões ao então presidente da Fifa, João Havelange, para que houvesse menos jogos encerrados em 0 a 0, como contou em entrevista à revista "Placar".

"Nenhum campo poderia ter menos de 105 metros de comprimento. O campo seria dividido em três partes iguais e, da primeira delas, ninguém poderia atrasar a bola para o goleiro. Acho que minhas sugestões, se aceitas, contribuirão para que haja mais gols", disse o ex-defensor, em 1974.

Como é sabido, as propostas do pai de Marco Polo Del Nero, morto em 2003, não saíram do papel. Não há registros sobre a entrega das propostas à Fifa.

Para alterar regras do futebol, é necessário, no mínimo, seis votos positivos dos oito do colégio da International Board –a Fifa conta com quatro votos e as federações de Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, um cada.

Del Nero (o pai) chegou a defender a seleção brasileira e tem seu nome marcado na história do Palmeiras por ter participado da chamada Arrancada Heroica de 1942. Ele foi titular no primeiro jogo do clube com o atual nome, na vitória por 3 a 1 sobre o São Paulo, marcando o segundo gol do alviverde naquele jogo.

Em tempo: o último Campeonato Brasileiro teve a pior média de gols desde a adoção da fórmula de pontos corridos, em 2003 (2,26 gols por jogo). Já a atual edição do Campeonato Paulista registra, até agora, a menor taxa de redes balançando (2,36 vezes por partida) dos últimos oito anos (a Federação Paulista de Futebol divulga estatísticas desde 2007).

A julgar pelos números, talvez José Del Nero não estivesse equivocado em se preocupar com a falta de gols no futebol.


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