Cada vez mais, os brasileiros têm se interessado pelos esportes americanos. Nas rodas de conversa, há algum tempo o futebol tem cedido espaço também ao basquete e ao futebol americano dos Estados Unidos. Além dessas modalidades, o beisebol também tem conquistado seu lugar.
A Major League Baseball (MLB), maior liga americana do esporte, está atenta ao aumento de interesse e tem contribuído ao longo do processo.
Desde 2010, a MLB tem investido valores progressivamente maiores no Brasil, promovendo atividades de divulgação do esporte, prospectando jovens jogadores para treinarem em clubes americanos e contratando atletas promissores para suas ligas.
"Baseados nos recursos disponíveis, nós investimos em mercados que pareçam mais interessantes e lucrativos no futuro. O Brasil se tornou um foco de atenção devido ao 'boom' econômico pelo qual passou e pelo aumento de interesse pelos esportes americanos", diz Caleb Santos-Silva, coordenador de desenvolvimento internacional da MLB, em entrevista à Folha.
Para Santos-Silva e Mickey Shupin, especialista em desenvolvimento do esporte, a maior dificuldade para a promoção do beisebol fora dos Estados Unidos é a dificuldade para comprar equipamentos. Por isso, a MLB tem ajudado projetos sociais e equipes amadoras com a doação de conjuntos completos: uniformes, tacos, bolas, equipamentos de proteção, bases.
Além disso, a MLB tem promovido anualmente os chamados "elite camps", que consistem em dez dias de treinamento com profissionais da liga (jogadores, ex-atletas, técnicos) direcionados a jovens de 14 a 18 anos. Neste ano, entre os meses de janeiro e fevereiro, 50 jovens foram selecionados para participar.
Em 2011, Luiz Gohara, de Bastos, no interior paulista, à época com 16 anos, chamou atenção nos treinamentos e assinou contrato com o Seattle Mariners, clube ao qual continua vinculado, atuando em ligas inferiores.
A liga também têm articulado a construção de um estádio de beisebol com seu padrão. Para isso, trouxe ao Brasil um especialista para avaliar as condições de diferentes terrenos.
O estádio dos Aflitos, em Recife, foi avaliado, mas o espaço foi considerado insuficiente para uma grande estrutura. Em São Paulo, uma área do Parque Ecológico do Tietê tem sido estudada.
"Estamos fazendo estudos para estabelecer um orçamento. Há um longo caminho pela frente, mas já nos encontramos com diretores do parque, conversamos sobre possíveis reformas. Estamos à procura de parceiros interessados em fazer um campo público, aberto a todos", diz Santos-Silva.
AUDIÊNCIA
Em 2014, a ESPN, principal transmissora dos jogos da MLB no Brasil, viu seus índices de audiência decolarem.
Números levantados pela emissora mostram que cerca de 1,4 milhão de espectadores assistiram a partidas de beisebol no ano passado no canal, o que revela aumento de 93% da audiência em relação a 2013. Nas finais (World Series), o aumento foi de 188%.
"Estamos fazendo com a MLB o mesmo trabalho que fizemos com a NFL (liga de futebol americano), que tem tido sucesso crescente. O público pode ser cativado da mesma maneira", diz João Palomino, vice-presidente de jornalismo e produção da ESPN.
Os jogos serão transmitidos semanalmente aos domingos, segundas, quartas e sextas-feiras.
BRASILEIRO NA ELITE
No último sábado (4), o defensor externo Paulo Orlando entrou para a história do beisebol nacional ao se tornar o terceiro brasileiro a ser relacionado para uma partida da MLB, principal liga de beisebol dos Estados Unidos.
Aos 29 anos, ele foi escolhido pelo técnico Ned Yost, do Kansas City Royals, após bom desempenho em um dos treinamentos.
Nesta segunda (6), há a expectativa de que o paulista entre em campo e siga o caminho de Yan Gomes e André Rienzo, que estrearam pelos seus clubes em 2012.
Na liga, Orlando deve encontrar Gomes, que em 2014 renovou por seis anos com o Cleveland Indians.
Atuais vice-campeões da MLB, os Royals enfrentam o Chicago White Sox nesta segunda, o 'dia de abertura', no qual grande parte dos clubes fazem seus primeiros jogos da temporada regular.