Folha de S. Paulo


Melhor do mundo no handebol diz que desempenho sobe com psicologia

Eleita a melhor jogadora de handebol do mundo em 2014, a catarinense Duda Amorim, 28, credita parte do seu sucesso nas quadras às sessões de preparação mental pelas quais passa desde 2009.

"Ajuda, sim. Antes, minhas atuações tinham muitas oscilações. Depois do trabalho mental, senti uma evolução nesse área", afirmou.

Duda começou a trabalhar em grupo há seis anos dentro da seleção e decidiu fazer sessões individuais em 2011.

"O trabalho mental ajuda na melhora da performance. Muitas vezes acontece de o atleta não dar importância para isso, mas um não funciona sem o outro. A medalha só chega se prestar atenção em todos os detalhes", disse a armadora.

Ela foi escolhida a melhor do mundo com 35,2% dos votos na eleição organizada pela Federação Internacional de Handebol (IHF). A brasileira joga pelo Gyori ETO KC, da Hungria. A votação teve cerca de 55 mil votos de fãs e mídia especializada.

"Gosto muito também dos trabalhos pré-jogo em grupo. Ajudam na sintonia da equipe dentro de quadra."

TREINAMENTO

O trabalho da seleção de handebol virou modelo para o Comitê Olímpico do Brasil.

Uma das líderes do grupo de preparação mental do COB, a paulista Alessandra Dutra, preparou a equipe que conquistou o título inédito do Mundial em 2013, batendo a Sérvia, dona da casa, nos minutos finais por 22 a 20.

De acordo com ela, os integrantes da delegação brasileira em 2016 vão ter "que naturalizar a pressão" de atuar no país nos Jogos do Rio.

"Não queremos blindar os atletas. Eles não podem se sentir ameaçados na Olimpíada. Vão ter que entender que a torcida é mais um adereço em um cenário de um megaevento", afirmou a psicóloga.

"Vamos trabalhar para que o atleta mantenha o foco no jogo independentemente do que ocorre fora. Temos que desmistificar o peso da torcida."

Para deixar a delegação "mais focada" dentro da disputa da Rio-2016, o COB vai submeter os atletas a "uma série de rotinas mentais e psicológicas" durante a preparação para a disputa olímpica.

"Vamos estimular, por exemplo, o atleta a criar a vivência da realidade de uma partida. Faremos exercícios para que eles desenvolvam cenas importantes de olhos fechados. Trabalharemos também o medo e a ansiedade", disse a mestre em psicologia.


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