Folha de S. Paulo


Presidente do Barça atribui a técnico morto decisão que encareceu Neymar 

Lluis Gene/AFP
O presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu, durante uma entrevista
O presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu, durante uma entrevista

O presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu, atribuiu ao técnico Tito Vilanova, que morreu em abril de 2014, vítima de câncer, o pedido de antecipação na contratação do atacante brasileiro Neymar. Com a antecipação da chegada do jogador, o custo da contratação aumentou.

A declaração de Bartomeu ao juiz Pablo Ruz, sobre o "Caso Neymar", foi revelada pela rádio Cadena Ser.

"Estive com o nosso treinador em uma reunião e ele pediu a mim e ao então presidente Sandro Rosell que contratasse o Neymar mais cedo. Disse ele que um jogador deste tipo fazia falta ao Barça. A intenção da família do Neymar era vir para cá apenas depois do Mundial de 2014. Como o Sandro tinha uma boa relação com o pai do Neymar, fizemos esse esforço e conseguimos trazê-lo antes do previsto" disse Bartomeu.

Neymar anunciou sua transferência para o Barcelona em maio de 2013.

Na última segunda-feira (23), a promotoria anticorrupção da Espanha pediu dois anos de prisão para o presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu, e sete anos para seu antecessor, Sandro Rosell, por supostos crimes fiscais na contratação do atacante brasileiro Neymar, informaram nesta segunda-feira fontes judiciais.

A promotoria, que também pediu uma multa de 22,2 milhões de euros para o clube, atribui um delito fiscal a Bartomeu, assim como dois delitos fiscais e um societário a Rosell e três delitos fiscais ao Barcelona.
Os pedidos de pena foram apresentados depois que, em 13 de março, o juiz Pablo Ruz decidiu enviar os casos de Bartomeu e Rosell a julgamento, depois de concluir a instrução pelas supostas irregularidades fiscais na transferência de Neymar.

O magistrado da Audiência Nacional, principal instância penal espanhola, considerou que o clube, Rosell e Bartomeu podem ter incorrido em três crimes contra a Fazenda pública.

O juiz Ruz calculou em 83,3 milhões de euros a quantia paga pela contratação do atacante brasileiro em 2013, o que, segundo ele, "eleva a mais de 13 milhões de euros o valor da suposta fraude" ao fisco espanhol.

De acordo com Ruz, os diferentes contratos utilizados na operação complexa "pretendiam acobertar ou ocultar o que na realidade constituíam um custo maior para o FCB", com o objetivo de "evitar ou atenuar de maneira sub-reptícia o pagamento à Fazenda Pública" dos impostos correspondentes à operação.

A situação judicial pode prejudicar Bartomeu, candidato a um novo mandato de presidente do Barça nas eleições previstas para o meio do ano.

Christof Stache-23.abr.2013/AFP
O ex-técnico Tito Vilanova durante um treino do Barcelona
O ex-técnico Tito Vilanova durante um treino do Barcelona

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