Folha de S. Paulo


Zé Roberto conta dias para Rio-2016 e diz não 'relaxar' em nenhum momento

O técnico da seleção feminina de vôlei, José Roberto Guimarães, 60, conta os dias para o começo da sua sexta Olimpíada. Literalmente.

Único brasileiro tricampeão dos Jogos, ele mantém na cabeça a contagem regressiva para a Rio-2016.

Campeão em 1992 comandando a seleção masculina e em 2008 e 2012 com a feminina, Zé Roberto está preocupado com a pressão, com o estado físico e mental das atletas e com a preparação do time, que diz não ser a ideal.

"Talvez seja a Olimpíada em que eu mais esteja sentindo a responsabilidade", afirma o técnico. "Não tem um momento em que eu consiga relaxar", completa.

Em relação à organização, não vê problemas. "Vai ser um espetáculo", diz à Folha.

502 DIAS

"Estou fazendo a contagem regressiva. Mentalmente. É um hábito. Faço sempre em competições importantes. O tempo passa muito rápido. E nós, técnicos, sempre achamos que não é suficiente. Acho que o tempo é menor do que eu gostaria para aparar as arestas. Mas isso só vou saber quando enfrentar os principais adversários. Ou seja, a partir de 5 de agosto de 2016."

PAI E FILHAS

"O que faço no dia a dia é pensar na Olimpíada, nos adversários, nas atuações, no foco, na concentração das jogadoras. Me preocupo muito com o estado delas. É preocupação de pai com filhas.

Não tem um momento em que eu consiga relaxar. Quer dizer, só quando tiro a cabeça para jogar tênis e montar a cavalo, o que só consigo fazer aos finais de semana."

SEXTA OLIMPÍADA

"Talvez seja a Olimpíada em que eu mais esteja sentindo a responsabilidade. Quero realizar o sonho de chegar a mais uma final olímpica. Mas temos que pensar por etapas: ficar entre as quatro primeiras na fase de classificação, passar pelas quartas de final, pela semi e fazer a final. Caminho longo e difícil."

IMPACIÊNCIA

"Não dá para dissociar a preocupação da parte física com a mental delas, por causa da distância, por não estar no convívio com elas. É um voo cego. De longe, fico apreensivo. O time é bicampeão olímpico, e elas têm que trabalhar com isso. Não somos o melhor time, somos o time a ser batido. Pensar como vamos trabalhar a pressão me deixa impaciente."

PLANO B

"[A preparação] Não é a melhor. Coincidências acabaram atrapalhando o planejamento. Pan de Toronto e Grand Prix vão coincidir [em julho]. E eu queria disputar Grand Prix, Pan e Copa do Mundo com todas jogadoras. Mas a exclusão do Brasil da Copa [segundo a Federação Internacional, porque já tem vaga para o Rio] é uma notícia que eu não estava esperando. Perdemos a chance de jogar contra os melhores.

Vamos para o plano B, que é realizar um torneio no Brasil no fim de agosto, começo de setembro. Não é simples, mas a Holanda está confirmada, e já enviamos convite para Itália, Turquia, Rússia, Polônia e Bulgária."

OUTRAS MODALIDADES

"Está havendo uma conscientização em relação aos resultados no Rio. O COB [Comitê Olímpico do Brasil] está realizando encontros com técnicos, dirigentes, atletas de todas as modalidades para fazermos uma boa Olimpíada. Em termos de logística, está tudo sendo pensado. Está no rumo ideal.

Não dá para afirmar que vai alcançar os resultados. Mas, ouvindo e falando com os técnicos, eu fiquei bem feliz. Todos sabem da dificuldade e da pressão que vai ser enorme."

META: 27 a 30 MEDALHAS

"Acho possível, sim. Jogar em casa com o nosso público ajuda muito. Lógico que vai haver cobrança, mas vejo que a preparação é consciente."

*'UM GRANDE EVENTO'

"Vai ser um espetáculo. Vivi a Copa [de 2014] como torcedor, fui a dois jogos [Brasil x Croácia, a abertura, e Argentina x Suíça, oitavas], de metrô, fiz baldeação, participei da festa e fiquei feliz. Conseguimos fazer um grande evento como a Copa.

Acredito que no Rio, com 10.500 atletas na cidade mais linda do mundo, vai dar certo. Hoje a cidade está em obras, o trânsito está caótico, mas tudo vai ser realizado."


Endereço da página:

Links no texto: