O São Paulo tinha sido refundado havia dois anos e a concorrência com Corinthians e Palestra Itália (hoje Palmeiras) era desleal. Com dificuldades financeiras, seu time era inferior ao dos rivais.
Então com oito anos, José Acras sofria com isso.
"O São Paulo não ganha do Corinthians. O São Paulo não ganha do Palestra. Era isso que eu ouvia todo dia", lembra o senhor de 86, hoje conselheiro vitalício do clube.
A história para ele começou a mudar por acaso.
Ao buscar um sapato para o pai, Acras pegou um embrulho feito de jornal e reparou que um dos textos dizia "São Paulo 4x1 Corinthians".
| Apu Gomes/Folhapress | ||
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| José Acras, 86, consulta acervo particular com jornais, revistas e livros sobre futebol |
"Aquilo chamou a minha atenção. Olhei a data e vi '1932'. Voltei a sapataria e recolhi outros jornais. Encontrei vitórias históricas, como o 6 a 1 no Corinthians, em 1933. A maior da história do clube no clássico. Os jornais viraram minha arma contra as provocações dos amigos", conta.
Mas não foi somente isso.
Acras passou a colecionar jornais, revistas, livros e fotos de futebol. O acervo, que hoje está armazenado em quarto na garagem do prédio onde mora, na Mooca, tem informações raras.
Como um jornal de 1938, ano em que o São Paulo fundiu-se ao Estudantes, da capital paulista, para juntos terem um time mais forte e equilíbrio nas economias. A história relata que, diante da fusão, dirigentes acertaram um jogo entre as equipes e o lado vencedor manteria o nome do clube. O tricolor paulista ganhou o confronto.
O acervo de Acras foi fundamental para ajudar o conselho a definir a mudança na data de fundação do São Paulo. O comitê formado pelo clube recolheu material com o fanático são-paulino, além de entrevistá-lo.
"Aqueles amigos rivais ajudaram a resgatar a história", brinca, lembrando que o acervo que mudará a história do clube nasceu após a provocação de rivais.