Folha de S. Paulo


Dilma cobra 'responsabilidade fiscal' ao vetar refinanciamento aos clubes

A presidente Dilma Rousseff vetou nesta segunda-feira (19) o refinanciamento  das dívidas dos clubes de futebol brasileiro sem nenhuma contrapartida. Ao justificar a medida, o governo federal cobrou "responsabilidade fiscal dos clubes e entidades, a transparência e o aprimoramento de sua gestão, bem como a efetividade dos direitos dos atletas".

"O governo vem discutindo há meses com representantes de clubes, atletas, entidades de administração do desporto e com o próprio Congresso Nacional a construção de uma proposta conjunta que estimule a modernização do futebol brasileiro. O texto aprovado não respeita este processo e prevê apenas refinanciamento de débitos federais, deixando de lado medidas indispensáveis que assegurem a responsabilidade fiscal dos clubes e entidades, a transparência e o aprimoramento de sua gestão, bem como a efetividade dos direitos dos atletas. O Governo retomará imediatamente o processo de diálogo, com o objetivo de consolidar, no curto prazo, uma alternativa que promova de forma integral a modernização do futebol brasileiro", afirmou o governo federal, em nota publicada no Diário Oficial da União, nesta terça-feira (20).

O refinanciamento sem que os clubes tenham nenhuma obrigação em troca foi uma manobra legislativa do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), ligado à CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

Editoria de Arte/Folhapress

O governo federal vetou o artigo 141 da MP 656, que previa redução na multa pelo não pagamento de dívidas tributárias. "As entidades desportivas poderão, nos termos e nas condições desta Lei, parcelar em até 240 (duzentas e quarenta) prestações mensais os débitos, tributários ou não tributários, com a Secretaria da Receita Federal do Brasil, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e o Banco Central do Brasil, vencidos até a data de publicação desta Lei, com redução de 70% (setenta por cento) das multas isoladas, de 30% (trinta por cento) dos juros de mora e de 100% (cem por cento) sobre o valor de encargo legal", diz o artigo vetado pelo governo federal".

Antes mesmo da confirmação do veto da presidente ao refinanciamento das dívidas dos clubes, o Bom Senso FC, grupo de jogadores que pedem mudanças na administração do futebol brasileiro, já comemorava a decisão.

O Bom Senso defendia o veto. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol), os clubes e a Federação Nacional dos Atletas Profissionais defendiam a aprovação. Para o presidente eleito da CBF, Marco Polo Del Nero, é importante que os clubes comecem do zero.

A CBF incluiu em seu novo Regulamento Geral das Competições normas que visam punir clubes que não gerirem bem seu dinheiro, com perda de pontos e até rebaixamento em casos mais graves.

O Bom Senso acha pouco e pede regras mais rígidas para o Fair Play financeiro, inclusive com responsabilização dos dirigentes.

Pedro Ladeira - 21.jul.2014/Folhapress
Presidente Dilma Rousseff recebe os atletas do Bom Senso F.C. em julho de 2014
Presidente Dilma Rousseff recebe os atletas do Bom Senso F.C. em julho de 2014

Endereço da página:

Links no texto: