Folha de S. Paulo


Gabriel Medina é o primeiro brasileiro campeão mundial de surfe

A espera foi longa. Demorou 38 anos. Mas o Brasil tem, finalmente, um campeão mundial de surfe.

Aos 20 anos, o paulista Gabriel Medina garantiu o título na praia de Pipeline, no Havaí, nesta sexta-feira (19), ao ver o principal rival, o australiano Mick Fanning, ser eliminado na quinta fase por Alejo Muniz, argentino naturalizado brasileiro.

"Estou chocado. O Brasil está em festa", disse Medina.

Até então, o melhor resultado do país era o terceiro lugar de Victor Ribas, em 1999.

Na final da etapa, Medina acabou derrotado pelo australiano Julian Wilson.

O brasileiro ficou à frente de surfistas já consagrados, como Fanning, 33, tricampeão mundial, e o americano Kelly Slater, 42, que ostenta 11 títulos. Slater chegou a Pipeline com chance de ser campeão, mas a passagem de Medina da terceira para a quarta fase, também ontem, tirou-o da disputa.

Coincidência ou não, Medina, grande revelação dos últimos tempos no surfe, trilha um caminho parecido ao de Slater, considerado uma lenda viva na modalidade.

Assim como o americano em 1992, o paulista de São Sebastião ganha o seu primeiro título mundial com 20 anos. Nenhum outro surfista na história conseguiu este feito.

E bem como Slater, Medina é campeão em sua quarta temporada na elite.

O ano do brasileiro é ainda mais impressionante do que o de Slater em 1992, quando o americano foi campeão com duas vitórias ao longo da temporada. Neste ano, o brasileiro fechou a sua participação no Mundial com três triunfos (Austrália, Fiji e Taiti).

Dono de uma habilidade incomum, Medina entrou cedo no circuito. Com 14 anos, já participava da divisão de acesso. Com 17, já comemorava uma vitória no Mundial.

Com resultados tão expressivos, ganhou o respeito de Slater, que definiu o sucesso do brasileiro como "assustador", e de Fanning, que afirmou não ver "nada além de bom" para o futuro do jovem campeão. Com o título, conquistou agora o mundo todo.

PAÍS DO SURFE

O triunfo de Medina coloca o Brasil de vez entre os melhores do surfe.

O país sempre esteve presente nas competições. Na elite desta temporada, por exemplo, teve mais competidores do que a potência Estados Unidos (sete contra cinco). Faltava, porém, título como o conquistado ontem.

Com a vitória de Medina, o Brasil quebra a hegemonia de australianos e americanos, que dividiram os títulos das últimas nove temporadas do circuito (cinco para os Estados Unidos e quatro para a Austrália).

O paulista se tornou ainda o primeiro surfista a conquistar o título sem ter o inglês como o idioma oficial.

O surfe, definitivamente, agora também fala português nas praias do Havaí.

Editoria de Arte/Folhapress


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