Folha de S. Paulo


Pelé tem apenas um rim desde que era jogador de futebol

Internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, com infecção no sistema urinário e tendo de passar por hemodiálise para ter seu sangue filtrado, Pelé, 74, não possui o rim direito há mais de 35 anos.

O estafe do Rei do Futebol confirmou que ele retirou o órgão quando ainda jogava futebol (aposentou-se em 1977) devido à "quantidade de pancadas que levou no rim".

Segundo Alberto Antunes, professor associado da divisão de urologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, uma pessoa consegue levar uma vida relativamente normal com apenas um rim. Contudo, no longo prazo, podem surgir complicações.

"Uma pessoa consegue levar uma vida normal com um rim só. O rim restante se hipertrofia e compensa a ausência do rim retirado. Contudo, no longo prazo, a função renal pode ficar comprometida, sem conseguir processar toda a urina produzida. Isso propicia a proliferação de micro-organismos na região, e pode prejudicar a recuperação em casos de infecção urinária. Em alguns desses casos, a diálise pode ser necessária", disse o médico à Folha.

De acordo com o último boletim médico de Pelé, emitido na manhã desta sexta-feira (28), o ex-jogador "está melhor de sua condição clínica e segue sob cuidados na unidade de terapia intensiva. Continua em tratamento temporário de suporte renal (hemodiafiltração veno-venosa contínua), lúcido, em ventilação espontânea, sem necessidade de drogas vaso-ativas ou outras terapias de suporte".

Internado no hospital Albert Einstein desde segunda-feira (24), depois de exames de revisão de sua cirurgia de cálculos renais revelarem um quadro de infecção urinária, Pelé, 74, foi transferido para a UTI na tarde desta quinta-feira (27).

Segundo boletim do hospital divulgado às 20h de quinta, ele estava "temporariamente em tratamento de suporte renal [hemodiálise], sem necessidade de outras terapias de suporte". Ainda assim, o hospital informava que Pelé teve "melhora de sua condição clínica".

Segundo o assessor do ex-atleta, José Fornos Rodrigues, o Pepito, Pelé deve ter alta na próxima semana.

Editoria de arte/Folhapress

A Folha apurou que o Rei do Futebol apresentou sinais de sepse, ou seja, focos infecciosos nos rins. Como a infecção não respondeu aos primeiros antibióticos, houve paralisação na função renal. Isso significa que os órgãos passaram a não filtrar mais as impurezas do sangue. A máquina, então, está fazendo essa função.

A sepse, conhecida antigamente como "septicemia" ou "infecção generalizada", tem vários estágios. Se não controlada rapidamente e de forma adequada, pode levar o paciente à morte.

Por isso, a equipe médica de Pelé tomou a decisão de entrar com antibióticos mais pesados, colocá-lo em hemodiálise e mantê-lo na UTI.

O fato de ser um paciente idoso (apesar da aparente boa saúde) aumenta o risco de o quadro piorar.

Mas, conforme a Folha apurou, o caso inspira cuidados. Nas sepses mais graves, a pessoa apresenta queda da pressão arterial e pode desenvolver insuficiência respiratória, precisando de ventilação mecânica (respiração artificial). Por ora, Pelé não precisou desse recurso.

De acordo com o boletim divulgado pelo hospital às 16h10 de quinta, o ex-jogador passava por instabilidade clínica. O boletim de quarta (26) dizia que Pelé fazia tratamento com antibióticos por via endovenosa e o seu estado de saúde era estável.

Na tarde de ontem, Claudio Lottemberg, presidente do Hospital Albert Einstein, havia descartado o diagnóstico de sepse, mas disse que não tinha autorização da família de Pelé para dar mais informações.

A internação de Pelé ocorreu exatos 11 dias após ele ter recebido alta no mesmo hospital, na zona sul da capital.

Na primeira vez que foi internado, ex-jogador sentiu uma indisposição estomacal, causada pela alimentação, durante o último dia 12.

Os exames detectaram pedras nos rins, nos ureteres e na bexiga, e Pelé foi submetido a uma cirurgia no último dia 13. Recebeu alta no sábado, no dia 15.


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