Folha de S. Paulo


Presidente do Botafogo quer capitão do tri como 'curinga'

Vitor Silva/SSPress
Carlos Eduardo Pereira comemora vitória nas eleições presidências do Botafogo
Carlos Eduardo Pereira comemora vitória nas eleições presidências do Botafogo

Carlos Eduardo Pereira, 56 anos, assumiu nesta quarta (26) o desafio de presidir o Botafogo em um dos momentos mais difíceis de sua existência: em queda iminente para a Série B, o clube carioca está sem estádio e com uma dívida astronômica a enfrentar.

No futebol, Pereira deverá contar com Carlos Alberto Torres, capitão do tricampeonato mundial da seleção brasileira, em 1970. O ex-jogador, que atuou no Botafogo por um curto período como atleta em 1971 e, como treinador, nas décadas de 90 e 2000, não terá um cargo específico, mas será "um curinga", nas palavras do novo presidente.

"É uma pessoa de muita credibilidade no futebol nacional. Tenho certeza de que ele nos ajudará a montar o plantel em 2015 e nos ajudará com projetos aqui e no mercado internacional", disse.

Formado em administração, Pereira não fala sobre o futuro do futebol do clube. Ainda que dependa de uma combinação improvável para não cair no Brasileiro, ele diz manter a esperança. Com 33 pontos, tem que vencer seus dois jogos e torcer para duas derrotas de Palmeiras e Bahia e uma do Vitória.

Para reforçar o discurso contra a queda, Pereira surpreendeu ao propor uma medida inusual no futebol brasileiro: o retorno de quatro jogadores dispensados pelo Botafogo em 3 de outubro. Por questões burocráticas, e até de desinteresse dos atletas, é improvável que Bolívar, Emerson Sheik, Julio César e Edílson voltem a vestir a camisa botafoguense depois de terem sido demitidos, mas o novo presidente explica:

"É um gesto para descolar da gestão anterior, é uma aproximação com os atletas e reconhece que aquela medida foi inoportuna e é uma tentativa de trazer reforços."

Para 2015, com a provável Série B, Pereira tentará manter o goleiro Jefferson, a "estrela solitária" de um grupo carente de ídolos. Nos bastidores, ele não fala sobre o técnico Vagner Mancini, mas deve dispensá-lo com a queda.

O Botafogo não sabe quanto deve. Segundo Pereira, o valor está na casa dos R$ 750 milhões, com metade das dívidas voltadas para o Fisco. Suspeitas de negócios prejudiciais ao clube na gestão de Maurício Assumpção começam a vir a tona, mas o novo presidente diz esperar por uma auditoria externa para esquadrinhar as contas.

Pereira tenta levantar dinheiro para viabilizar o Botafogo a curto prazo, sem perder 2015 no horizonte. A solução passa por tirar o clube da condição de sonegador na Justiça do Trabalho, renegociar a dívida e, especialmente, retomar o estádio do Engenhão, fechado desde março de 2013 por determinação da prefeitura sob risco de queda da cobertura.

O Botafogo de Pereira não será o das grandes sacadas de marketing, como a contratação de Seedorf –uma das joias da gestão de Assumpção. Negociação nos moldes em que o holandês foi contratado não o agradam.

"Não se tinha um patrocinador para apoiar a iniciativa. Depender do orçamento do Botafogo não comporta."

No imaginário do futebol carioca, o torcedor botafoguense sempre é aquele que apela ao sobrenatural. Pereira, em meio às dificuldades, ilustra bem este sentimento.

"A diferença de nossa chapa para a segunda colocada foi de 95 votos (442 votos contra 347, da chapa de Thiago Alvim). E 95 [quando era vice-presidente] foi o ano em que fomos campeões brasileiros. É uma boa sinalização", lembrou o presidente.

Ricardo Moraes/Reuters
O ex-jogador Carlos Alberto Torres posa para foto com troféu no Maracanã
O ex-jogador Carlos Alberto Torres posa para foto com troféu no Maracanã

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