Folha de S. Paulo


Inaugurada hoje, arena do Palmeiras foi pensada também para shows; veja como ficou

Depois de quatro anos de construção, o palmeirense terá acesso, a partir desta quarta (dia 19), a um dos estádios mais modernos do país.

Nada mais justo que o torcedor da equipe se sinta em casa. Mas vale uma ressalva: o clube não será imediatamente dono do estádio em que vai mandar seus jogos.

Ao longo de 30 anos, o estádio –projetado para receber também grandes espetáculos– pertencerá oficialmente à construtora WTorre, que investiu R$ 660 milhões para modernizar o velho Palestra Itália e o clube social, em troca de explorar comercialmente o local, repassando percentuais ao clube (exceto pela renda dos jogos, que ficará com o Palmeiras em sua totalidade).

Essa divisão parece clara, mas não é bem assim. O estádio renasce à sombra de um imbróglio. Divergências entre a direção do Palmeiras e da WTorre chegaram a ameaçar a concretização do projeto, cuja previsão inicial de entrega era maio de 2012.

Clube e construtora ainda não alcançaram um acordo sobre um item que consta no contrato desde sua primeira versão, de 2008, mas que só foi contestado pela atual administração, capitaneada por Paulo Nobre.

A WTorre sempre entendeu que tinha a prerrogativa de comercializar as assinaturas dos assentos. Por meio de uma anuidade, o torcedor toma posse da cadeira que escolher e a utiliza pelo período estipulado em contrato.

Caberia ao Palmeiras, assim como em todas as receitas, exceto as rendas, um percentual que cresce progressivamente –5% nos cinco primeiros anos, 10% nos cinco seguintes e assim por diante, até completar 30.

Mas a presidência do clube avalia que a WTorre só pode comercializar 10 mil assentos, repassando percentuais ao clube nestes moldes. Entende que o Palmeiras é que pode negociar os 33.600 restantes, ficando com a receita.

Editoria de Arte/Folhapress
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A questão, que não foi resolvida em rodadas de conciliação, terá de ser decidida em arbitragem.

Desavenças à parte, o fato é que o estádio está pronto para a festa, graças ao trabalho de mais de mil operários.

Mas a celebração chega com atraso, considerando as projeções iniciais. Previa-se a conclusão em 24 meses. Ou seja, deveria ter ficado pronto até outubro de 2012.

Segundo a WTorre, alguns fatores influenciaram o atraso, como a temporada de chuvas entre 2011 e 2012.

A empresa também se queixou da impossibilidade de demolir totalmente o velho Palestra Itália. Como só possuía alvará de reforma, a teve de manter 20% das antigas arquibancadas abaixo das novas, ainda que elas não tenham mais função.

Outra queixa da WTorre foi a impossibilidade de trabalhar em três turnos, como ocorreu no Itaquerão, do Corinthians. A diferença é que o estádio do rival não fica em uma área residencial.

Uma fatalidade também paralisou parcialmente as obras por um mês em 2013, quando o operário Carlos de Jesus morreu em acidente.

Inicialmente, a WTorre imaginava gastar cerca de R$ 300 milhões. Ficou em R$ 660 milhões, muito por conta do assumido perfeccionismo de Walter Torre, presidente da construtora.


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