Folha de S. Paulo


Fifa absolve candidatura, mas vê dinheiro do Qatar em amistoso do Brasil

O relatório divulgado nesta quinta-feira (13) pelo comitê de ética da Fifa a respeito da investigação sobre as denúncias de corrupção no processo de escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022 cita nominalmente um amistoso da seleção brasileira.

Segundo o documento, a partida entre Brasil e Argentina, disputada no dia 17 de novembro de 2010, em Doha, serviu como uma forma de repasse de dinheiro para a AFA (Associação Argentina de Futebol), o que gerou a preocupação do comitê de ética.

O mesmo relatório, no entanto, absolve a candidatura Qatar-2022 de ter usado essa transação para comprar voto porque a investigação apontou que o pagamento foi feito por um "conglomerado financeiro do Qatar", e não pelos responsáveis diretos pelo Mundial.

No entanto, a própria Associação de Futebol do Qatar admitiu, em 2010, ter injetado4 milhões de euros (R$ 12,9 milhões) na organização da partida.

"Nós queremos mostrar ao mundo que somos capazes de organizar um Mundial. Isso é mais importante do que o dinheiro que vamos gastar", disse, à época. o porta-voz da associação Sadeq Sadeq.

Tanto o representante brasileiro no comitê executivo da Fifa na época (Ricardo Teixeira) quanto o argentino (Julio Grondona) admitiram ter votado no Qatar como sede da Copa-2022.

Apesar de indícios de corrupção apresentados pelo relatório da investigação, a Fifa decidiu manter Rússia e o país árabe como sedes dos dois próximos Mundiais a alegação de que não houve "qualquer violação ou quebra de regras e regulamentos" e que as falhas apontadas não são suficientes para macular o processo e obrigar a sua revisão.

A decisão foi criticada imediatamente pelo ex-procurador norte-americano Michael Garcia, chefe da investigação do caso, que afirmou que vai recorrer contra a manutenção das sedes.


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