Folha de S. Paulo


CBF usa software para evitar que rivais 'roubem' jogadores brasileiros

A escolha de Diego Costa, jogador nascido no Brasil, de jogar pela seleção da Espanha em outubro de 2013 foi um baque para a cúpula da CBF que ecoa até hoje.

A entidade transformou em prioridade o mapeamento de atletas pelo mundo todo que tenham potencial para se naturalizar e atuar por outros países. No fim, claro, a ideia é convencê-los a defender o Brasil.

Exemplo disso é o atacante gaúcho Felipe Gedoz, 21 anos, que nunca jogou profissionalmente no Brasil.

Revelado pelo Defensor, do Uruguai, foi para o Brugge, da Bélgica, e estava cotado para tirar passaporte uruguaio e jogar pela Celeste.

Alexandre Gallo, coordenador das seleções de base, interrompeu o plano do país vizinho ao convocá-lo para os dois primeiros amistosos da seleção olímpica (jogadores hoje com idade até 21 anos) em solo brasileiro como preparação a Rio-2016.

Nesta sexta (10), às 22h (de Brasília), o rival será o time principal da Bolívia, em Cuiabá. Na segunda (13), será o sub-23 dos EUA, em Brasília.

Mauri Ratillainen/Efe
Felipe Gedoz, 21, joga no Brugge, da Bélgica
Felipe Gedoz, 21, joga no Brugge, da Bélgica

PENEIRA TECNOLÓGICA

O trabalho começa por uma análise do registro de transferência da CBF, para identificar os atletas que deixaram o Brasil antes mesmo de se profissionalizarem.

Depois passa por uma peneira em um software de estatísticas de futebol chamado Wyscout, usado desde meados de 2013. Se o jogador revelar bom potencial, é analisado em vídeo e pode até receber uma visita de Gallo para uma conversa (veja acima o passo a passo do projeto).

A comissão técnica já identificou 32 jogadores com esse perfil que também atraem a cobiça de outros países.

"Com 18 anos, estava quase largando o futebol no Juventude. Mas meu empresário conseguiu o teste no Defensor e fui. No Brasil, muitas vezes, é difícil ter espaço", disse Gedoz, em português com sotaque dos três anos em que viveu no Uruguai.

Sua convocação ocorreu no momento certo: a federação uruguaia já havia contatado ele para que se naturalizasse. "Me chamaram até de vendido [no Uruguai]. Mas sou brasileiro, quero jogar aqui."

Ele ainda pode atuar pelo Uruguai caso não tenha mais chance no Brasil, já que a Fifa só proíbe de "mudar" de país o atleta que já participou de uma competição oficial.

A vontade de o atleta jogar na seleção que mais venceu Copas é o maior atrativo para jovens com pouco contato com o país, acredita Gallo.

Caso de Rafael Alcântara, meia do Barcelona e filho do ex-volante Mazinho, cortado por lesão. "Temos uma seleção vencedora, estrutura. Mas no final quem escolhe é o jogador", diz Gallo.

Editoria de Arte/Folhapress

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