Folha de S. Paulo


Para escapar de veto, saída pode ser criação de clubes para registrar atletas

A DIS, braço esportivo do Grupo Sonda, foi criada para ajudar o Inter, time do coração do seu proprietário, Delcir Sonda, a conseguir grandes reforços e já recusou várias propostas para se tornar dona do seu próprio clube.

Mas, com a nova medida de banir investidores em compra de jogadores, o fundo de investimento admite que pode adquirir um time para poder continuar aplicando dinheiro em futebol.

"Estamos estudando todas as possibilidades. O objetivo não era esse, mas...", afirmou à Folha o diretor-executivo da empresa, Roberto Moreno.

Criar um clube ou comprá-lo para registrar jogadores e assim continuar lucrando com transferências é visto pelos fundos de investimento como a possível salvação para não caírem na ilegalidade.

A prática já é corriqueira no Brasil e, segundo as empresas ouvidas pela reportagem, deve ganhar mais força com a proibição de que elas possuam direitos econômicos dos jogadores.

Se a Traffic passa, segundo a nova regra, a ser proibida de ter parte de um atleta, o Desportivo Brasil, clube do qual ela é proprietária, não. Assim, basta registrar o jogador nesse time e emprestá-lo ou negociá-lo com outro.

"Estava mais do que na hora de os clubes ganharem uma. A maior parte dos empresários só prejudica os times. Eles só entram na boa. Por isso, os clubes estão quebrados e os empresários, bem de vida", disse o agente Sérgio Malucelli, da SM Sports.

Sua empresa tem 110 jogadores espalhados por 12 clubes. Todos os atletas possuem vínculo com o Londrina, da Série D do Brasileiro.

Mas esses clubes ligados a empresários ou fundos podem entrar na mira da Fifa, o que depende da regulamentação ainda a ser feita.

Em março, a entidade já multou cinco times argentinos e um uruguaio por usarem equipes como "pontes" para transferências –o jogador foi registrado em uma agremiação apenas para ser revendido dias depois.

Além da transformação de fundos em clubes, as empresas apostam que as regras da Fifa não poderão ser colocadas em prática. "Cada país tem sua legislação própria e elas não proíbem esses negócios", lembra Moreno, da DIS.

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) nega, porém, que existam empecilhos na legislação brasileira.

"A Fifa tem sua legislação própria, o futebol tem uma organização diferente. Há arcabouços legais voltados para o mundo do futebol", disse Lidio Enescu, vice da comissão de desportos da OAB.

Pedro Trengrouse, coordenador do curso FGV/Fifa, concorda. "A Fifa não está sujeita às leis do Brasil, e as transferências internacionais [que envolvem mais dinheiro] são feitas pelo sistema da Fifa", afirma.

Reprodução/Facebook/SCInternacional.Oficial
O meia argentino D'Alessandro durante uma partida do Internacional
O meia argentino D'Alessandro durante uma partida do Internacional

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