Folha de S. Paulo


Genros de Ary Graça se beneficiaram de contratos com a CBV

Dois genros de Ary Graça, ex-presidente da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), foram beneficiados em contratos com a entidade.

Segundo reportagem publicada nesta sexta-feira (8) no site da ESPN, Bruno Freire Moreira e Bruno Beloch assinaram acordos com a CBV enquanto Graça era o mandatário dela.

Atualmente, Ary Graça é presidente da FIVB (Federação Internacional de Vôlei).

Moreira, que é casado com Roberta da Silva Graça, filha do dirigente, abriu em 19 de março de 2010 a Acquatic Confecção de Artigos do Vestuário Ltda. Poucos meses depois, a empresa recém-criada obteve um grande contrato com a CBV, para produção de camisas de torcidas em jogos das seleções brasileiras e para o circuito de vôlei de praia.

Beloch, casado com Fabiana da Silva Graça, é um dos sócios da LG Video, que faz transmissão de jogos para a CBV (sob o nome fantasia de "eventosaovivo").

Além da transmissão dos eventos da entidade brasileira, a empresa da qual Beloch é sócio também produz conteúdo para o site da Confederação Sul-Americana de vôlei, da qual Ary Graça foi presidente entre 2003 e 2012.

AÇÃO NA NATAÇÃO

Os serviços de transmissão da "eventosaovivo" também foram contratados pela CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos).

O órgão que rege a natação nacional criou a TV CBDA e, inclusive, indicou Beloch para apresentar o projeto da TV CBDA ao lado do medalhista olímpico Djan Madruga.

Mais: os convênios do Ministério do Esporte com a CBDA eram fiscalizados pela CBV.

A CBV também venceu licitação para receber um encontro nacional de técnicos da CBDA, em 2009.

Em nota enviada à Folha, Graça afirmou que os processos de compras na CBV "foram realizados por meio de processos licitatórios, no quais prevaleceu o melhor preço e a melhor qualidade técnica".

O cartola ressaltou que existe uma comissão de licitação dentro da entidade que é independente nas suas decisões.

"Todos os contratos foram aprovados pela Assembleia Geral Ordinária da CBV e constam em seu balanço", complementou.

No mesmo comunicado, Graça rebateu a reportagem e disse que "Bruno Beloch não é sócio da empresa LG Video, tendo sido admitido em 2012,ao passo que a CBV já trabalhava com a LG há oito anos, comprovando-se que não há nenhum tipo de interferência".

POLÊMICA

Ary Graça renunciou em março ao cargo de presidente da CBV, que ocupava desde janeiro de 1997. Em nota, ele negou todas acusações e disse que sua saída do cargo não estava relacionada às denúncias.

Nas semanas que antecederam à renúncia, o site da ESPN revelou irregularidades em contratos envolvendo duas empresas de dois ex-dirigentes da CBV (ambos ligados a Graça), que receberam R$ 10 milhões cada uma em comissões para intermediação de contratos.

Uma das envolvidas é a S4G Gestão e Negócios, de Fábio Azevedo, diretor-geral da FIVB. A CBV diz que a empresa recebeu R$ 2,9 milhões. O contrato, de cinco anos, foi rescindido em 30 de julho de 2013.

Outra denunciada, a SMP Logística e Serviços, também com contrato de R$ 10 milhões, recebeu R$ 2,6 milhões até outubro de 2013. O contrato está suspenso. As denúncias levaram à renúncia do ex-superintendente geral da CBV, Marcos Pina, dono da empresa.

Walter Pitombo Laranjeiras, conhecido como Toroca, assumiu a presidência da CBV em março e tem como vice o paraibano Potengi Holanda de Lucena.

A CBV confirmou pagamentos feitos a ex-dirigentes da entidade, após auditoria feita pela empresa PriceWaterhouseCooper sobre os contratos colocados em xeque após denúncias feitas pela ESPN Brasil, em fevereiro.


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