Folha de S. Paulo


Banco público financia mais de 50% de obras olímpicas privadas

Mais da metade dos recursos privados investidos em obras para a Olimpíada de 2016, que começará em dois anos no Rio, contam com financiamento de banco público. A Caixa Econômica Federal participa dos dois projetos mais caros classificados como "privados" pela APO (Autoridade Pública Olímpica).

De acordo com a Matriz de Responsabilidades e o Plano de Políticas Públicas dos Jogos (documentos que definem fontes de recursos, executores e preço dos projetos olímpicos), 48% do custo das obras é de responsabilidade da iniciativa privada.

O investimento total em obras para o evento é de R$ 30,6 bilhões, dos quais R$ 14,6 bilhões serão executados pela iniciativa privada.

Ricardo Moraes - 28.mar.2014/Reuters
Imagem aérea do Parque Olímpico do Rio em obras no fim de março
Imagem aérea do Parque Olímpico do Rio em obras no fim de março

Os organizadores dos Jogos usam os números para minimizar críticas ao gasto público com a Olimpíada.

Os documentos, no entanto, não divulgam a participação do financiamento público nos projetos privados.

A maior participação da Caixa se dá na revitalização da zona portuária.

O banco adquiriu, com recursos do FGTS, todos os títulos imobiliários da região por R$ 8 bilhões. A verba financia a PPP (Parceria Público-Privada) que executa as obras no bairro.

O papel da Caixa assume tal protagonismo que empreiteiras ameaçam paralisar obras caso os recursos não sejam liberados, segundo o jornal "Valor Econômico".

A concessionária Rio Mais, responsável pela obra do Parque Olímpico, considera agosto "mês-chave" para a liberação de cerca de R$ 1 bilhão em financiamento para a obra. A empresa não comenta oficialmente o caso.

Artifício semelhante foi usado pelos responsáveis pela Vila dos Atletas, quando houve demora na aprovação do empréstimo e a venda de apartamentos foi adiada.

Estima-se que o empreendimento privado recebeu financiamento de R$ 2 bilhões do banco –os termos do acordo são sigilosos.

Somados, os três projetos custam R$ 14,6 bilhões. A Caixa vai participar das obras da iniciativa privada financiando R$ 11 bilhões.

EXECUÇÃO

Se a iniciativa privada é a fonte principal de recursos para obras olímpicas, a Prefeitura do Rio executa a maioria dos projetos.

O município assumiu obras que, à época da candidatura em 2009, eram de responsabilidade da União, como o Parque Olímpico e o Complexo Esportivo de Deodoro. O governo federal repassou a verba e a prefeitura realizou as licitações e fiscaliza a construção das arenas.

O Rio é responsável por 39 dos 71 projetos com executores já definidos. Também fiscaliza 11 das 16 obras tocadas pela iniciativa privada.

Desde maio, após críticas do COI (Comitê Olímpico Internacional), o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), passou a acompanhar mais de perto o andamento das intervenções para os Jogos.


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