Folha de S. Paulo


Olimpíada tem atraso e aumento de preço em obras, diz TCU

Preços mais altos que o previsto, atrasos, baixa transparência e ameaça de falta de legado.

O TCU (Tribunal de Contas da União) aprovou nesta quinta (26) um relatório apontando esses problemas mas não para a Copa do Mundo, e sim para os Jogo Olímpicos que serão realizados no Rio de Janeiro em 2016, daqui a dois anos.

O relatório analisou a primeiro documento oficial que relatava os preços e responsabilidades de cada ente público em relação aos jogos, divulgado apenas em janeiro desde ano pelos responsáveis pelo projeto.

A análise do TCU apontou que esse documento, chamado de Matriz de Responsabilidades, era pouco preciso e trazia informações vagas sobre os projetos.

Um dos dados apontados no documento é que os preços reais já começam a ficar muito mais elevados que o previsto inicialmente em 2009, quando a cidade foi escolhida para sediar os jogos.

Foram analisadas cinco instalações esportivas que já tinham preços definidos. Os valores em relação à previsão inicial cresceram entre 7% e 122%, para uma inflação de pouco mais de 30% no período. O custo total dessas obras passou de R$ 466 milhões para R$ 728 milhões.

Outra preocupação do órgão é que o governo separou em duas listas as obras para os Jogos Olímpicos. Uma refere-se apenas a equipamentos esportivos. E outra a obras públicas de transporte e melhorias urbanas na cidade, o que é considerado o legado da Olimpíada do Rio.

Segundo o órgão, um dos principais argumentos para convencer a sociedade a realizar os jogos era o legado deixado pelas obras de infraestrutura.

"Agora, não é razoável aceitar que apenas equipamentos esportivos sejam considerados como efetivamente relacionados à Olimpíada, deixando de fora as outras ações como se fossem secundárias", diz o relatório.

Outra preocupação do órgão, já apontada em relatório anterior, é com o atraso no cronograma de obras, principalmente das arenas esportivas na região de Deodoro, uma das quatro onde haverá competições. O TCU determinou que a APO (Autoridade Pública Olímpica), órgão responsável pela organização do evento, faça um cronograma para adiantar as obras em alguns locais.

O órgão também deu prazo para que o governo melhore a divulgação dos dados sobre os Jogos Olímpicos.

Danilo Verpa/Folhapress
O general Fernando Azevedo e Silva, presidente da autoridade pública olímpica
O general Fernando Azevedo e Silva, presidente da APO (Autoridade Pública Olímpica)

OUTRO LADO

O presidente da APO, general Fernando Azevedo e Silva, afirmou que o relatório do TCU se refere aos documentos que foram lançados em janeiro deste ano.

Segundo ele, uma parte já foi atualizada e até agosto haverá uma atualização de todo o material, o que contemplará os pedidos do órgão de controle. Silva afirmou que o aumento de custo no projeto olímpico é causado, em parte, por novas exigências para a realização da competição.

O general afirmou ainda que os atrasos já estão sendo contornados e o principal problema, a lentidão nas obras na região de Deodoro, já preocupa menos que no início do ano porque as construções mais importantes já estão contratadas.

"O tempo ainda continua um pouco implacável. Mas está dentro do possível, mesmo para os eventos testes", disse Silva.


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