Folha de S. Paulo


Liminar interrompe jogo, e Portuguesa tira time de campo na Série B

Carlos Junior/Folhapress
Técnico da Portuguesa, Argel Fucks, é avisado que a partida vai ser paralisada
Técnico da Portuguesa, Argel Fucks, é avisado que a partida vai ser paralisada

A Portuguesa entrou em campo nesta sexta-feira, na Arena Joinville, em Joinville, para fazer sua estreia na Série B do Campeonato Brasileiro.

No entanto, a partida começou enquanto uma liminar de um torcedor, referente aos pontos perdidos pela Lusa na Série A do ano passado, estava valendo.

Com isso, um oficial de Justiça foi ao estádio com uma liminar e paralisou o jogo, assim o clube paulista tirou seu time de campo.

Aos 17 minutos do primeiro tempo, o jogo foi interrompido após o oficial chegar com o mandado. Nenhum gol havia sido marcado até a interrupção.

Após chamar seus jogadores para os vestiários, o técnico da Portuguesa, Argel Fucks, declarou que apenas cumpriu ordens do presidente do clube, Ilidio Lico.

"Sou funcionário do clube. Foi uma decisão do presidente, uma ordem do presidente. Já falei tudo o que eu tinha para falar", disse o treinador, ao SporTV.

A liminar, favorável à Lusa, foi obtida em ação movida pelo torcedor Renato de Britto de Azevedo e emitida pela 3ª Vara Cível de São Paulo.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) disse, em nota, que a Portuguesa vai responder por abandono de campo em julgamento do Superior Tribunal de Justiça Desportivo (STJD).

PEDIDO DE DEMISSÃO

Durante a semana, dirigentes da Portuguesa deram a entender que o time poderia não entrar em campo nesta sexta-feira, obedecendo assim a liminar acatada ontem (17) pela juíza Adaisa Bernardi Isaac Halpern, do Foro Regional da Penha.

Contudo, horas antes do jogo, o vice-presidente jurídico da Portuguesa, Orlando Cordeiro, apresentou pedido de demissão após ouvir do presidente Ilídio Lico que o time entraria em campo.

"Há uma liminar da Justiça. Isso tem efeito de lei e tínhamos de cumpri-la. Se não fosse favorável a nós, eu também defenderia seu cumprimento", afirmou Cordeiro.

"É uma questão de postura. A minha era irredutível e, como o presidente decidiu ir ao contrário, estou saindo do cargo", completou.

Segundo Cordeiro, ao entrar em campo, a Portuguesa corre risco de represálias da Justiça.

Ilídio Lico decidiu que a Portuguesa entraria em campo por volta das 17h30, enquanto descia a Serra da capital paulista para o Guarujá, onde vai passar o feriado da Páscoa com familiares.

DESABAFO

Responsável pela ação que interrompeu a partida, o torcedor da Portuguesa Renato Azevedo se recusou a dar entrevistas e usou o Twitter para desabafar.

Segundo ele, a Lusa nem sequer deveria ter entrado em campo.

"Duro é gastar tempo e dinheiro, constituir um advogado e a Lusa não fazer jus à liminar que a juíza me concedeu", reclamou, em mensagem ao jornalista Júlio Gomes.

Ainda segundo o torcedor, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi citada no último dia 10. O delegado da entidade em Joinville usou o argumento de que isso não aconteceu para reiniciar a partida.

"Se depois vão caçar a liminar é outra história, mas [a liminar] está vigente, o mínimo que se pede é respeito às leis", observou, em troca de mensagens com Luiz Ademar, comentarista do Sportv, que transmitia o jogo.

O CASO HÉVERTON

A Portuguesa foi rebaixada à Série B do Campeonato Brasileiro após ser punida com a perda de quatro pontos pela escalação irregular de um jogador.

Na última rodada do campeonato do ano passado, o meia Héverton, que estava suspenso, entrou em campo em jogo contra o Grêmio.

A punição favoreceu o Fluminense, que, em 17º lugar, havia sido rebaixado.

Desde o ano passado, clube e torcedores têm entrado com ações na Justiça, contra a CBF, para tentar devolver a Portuguesa à Primeira Divisão.

Neste período, diversas liminares favoráveis ao clube foram cassadas a pedido da entidade.


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