Folha de S. Paulo


Ouro no Mundial de 2009, italiana irá defender o Brasil na esgrima

A seleção brasileira de esgrima tem agora uma campeã mundial: Nathalie Moellhausen, 28, nascida em Milão, onde começou na modalidade aos 5 anos.

Filha de italianos, ela conquistou pelo país três medalhas em Campeonatos Mundiais. Ouro em 2009, bronze em 2010 (individual) e outro bronze (por equipe) em 2011.

Veja vídeo

Assista ao vídeo em tablets e celulares

Da família do pai herdou o sobrenome alemão. Da avó materna, a nacionalidade brasileira. E já amanhã defenderá o Brasil na etapa de Barcelona da Copa do Mundo.

"Sempre tive o sonho de me aproximar ao Brasil. A oportunidade dos Jogos Olímpicos do Rio me pareceu o momento certo para dar este passo", afirmou Nathalie.

Após a sétima colocação com o time de espada da Itália na Olimpíada de Londres, em 2012, Nathalie não competiu mais. Perdeu espaço no país que é potência na modalidade. Tinha outros desafios.

Morando e treinando em Paris desde os 20 anos, ela cursou filosofia na Sorbonne, de 2006 a 2008, e passou a se dedicar às artes.

Em 2010, com seu projeto artístico Skirmjan, criou um espetáculo de dança coreografada com esgrima para a cerimônia de abertura do Mundial de Paris. Depois, produziu o primeiro calendário fotográfico mundial com atletas da modalidade.

Em novembro passado, fez a direção de arte da festa de gala dos cem anos da Federação Internacional de Esgrima.

Agora, decidiu desenvolver sua arte em um novo país.

"O Brasil conhece minhas conquistas, mas para mim isso é passado. Serão os novos resultados que vão escrever a minha história no Brasil."

Com viagens anuais ao Brasil, na infância para visitar parentes em São Paulo e já adulta para competir, a língua portuguesa é uma das quatro que Nathalie fala.

Ela, porém, até a Olimpíada de 2016, vai continuar vivendo na França, onde é treinada pelo multicampeão olímpico Daniel Levavasseur.

No Brasil, ela competirá pelo Pinheiros, clube paulistano pelo qual precisará somar pontos no ranking nacional para receber bolsa-auxílio do governo federal.

Ela também estará com mais frequência no país em razão de compromissos com a Confederação Brasileira de Esgrima, com quem negociou a mudança por dois meses.

"Estou ciente de que a esgrima não é um esporte tão popular no Brasil como na Itália, mas, para mim, é uma outra grande motivação. Não é porque é mais fácil para se qualificar. Também no Brasil vou ter que ganhar o meu lugar na equipe nacional."

MEDALHAS

Apenas na esgrima, a Itália tem mais medalhas do que todos os esportes do Brasil juntos em Jogos Olímpicos. São 48 ouros, 40 pratas e 33 bronzes (121 no total) para os esgrimistas italianos contra 23 ouros, 30 pratas e 55 bronzes (108) para o Brasil em todas as modalidades somadas.

Mas, já na Rio-2016, Nathalie acredita que pode conquistar a primeira medalha para o Brasil na esgrima.

"É um sonho que tenho na gaveta e, por isso, decidi voltar para lutar por ele até os Jogos no Rio. Tenho dois anos para subir no ranking mundial outra vez", diz a atleta que esteve entre as melhores do mundo nos últimos anos.

"A escolha, especialmente dessa magnitude, requer muita reflexão, avaliar prós e contras, tudo o que se perde e se ganha, e estou ciente".


Endereço da página:

Links no texto: