Folha de S. Paulo


Rosell deixa o Barcelona por conta do 'caso Neymar' e diz ser inocente

Sandro Rosell, 49, decidiu renunciar à presidência do Barcelona diante das investigações em torno da transferência do atacante Neymar em maio de 2013.

A informação foi dada no começo desta quinta-feira pelo jornal catalão "Mundo Deportivo" e confirmada no final da tarde desta quinta pelo próprio Rosell, em coletiva de imprensa.

Rosell apresentou sua renúncia à diretoria do clube e, em seguida, leu um comunicado publicamente explicando por que estava saindo do cargo.

O dirigente renunciou após quatro anos na presidência do clube catalão –seu atual mandato terminaria em 2016.

No anúncio, o dirigente fez questão de falar das conquistas do time em sua passagem, como o título mundial e da Liga dos Campeões. Ele afirmou que a denúncia de apropriação indébita que chegou à Justiça nos últimos dias, referente ao "caso Neymar", é injusta, e os ataques que sua família tem sofrido ultimamente fizeram com que repensasse sua continuidade no cargo.

"Tudo foi correto na transferência do Neymar", disse.

Por fim, Rosell disse que renunciava ao cargo para não prejudicar o projeto da diretoria que encabeçava e que até agora alcançou resultados positivos.

O novo presidente será Josep Maria Bartomeu, 50, então vice-presidente de esportes do clube espanhol.

PROBLEMAS NA JUSTIÇA

Em sua edição de segunda-feira, o jornal madrilenho "El Mundo" afirmou, com base em documentos da Justiça espanhola a que teve acesso, que a transferência de Neymar para o Barcelona envolveu valores maiores que os anteriormente anunciados.

Segundo o jornal, o atacante deixou o Santos pela quantia de 95 milhões de euros (aproximadamente R$ 300 milhões), o que resulta em uma omissão de 38 milhões de euros (aproximadamente R$ 120 milhões) em relação aos 57 milhões de euros (cerca de R$ 180 milhões) declarados inicialmente pelo clube catalão.

Albert Olivé - 27.ago.13/Efe
O presidente do Barcelona, Sandro Rosell, durante uma entrevista na Espanha
O presidente do Barcelona, Sandro Rosell, durante uma entrevista na Espanha

Durante a semana, o juiz Pablo Ruz, da Audiência Nacional da Espanha, acatou a denúncia apresentada por um sócio do Barcelona, Jordi Cases.

Na manhã desta quinta-feira, Rosell convocou uma reunião de emergência com a diretoria do Barcelona para discutir as atitudes que serão tomadas diante das investigações da Justiça espanhola.

Este não foi o primeiro pedido de renúncia apresentado por Rosell, que em 2005 deixou seu cargo de vice-presidente de esportes do clube por divergências com Joan Laporta, presidente do Barcelona à época.

Mas nem só de problemas com a contratação de Neymar vive Rosell. No Brasil, ele é acusado criminalmente por fraude no caso da empresa Ailanto Marketing, que recebeu R$ 9 milhões para organizar um amistoso entre Brasil e Portugal, em 2008.

Parte das despesas foi paga pela federação brasiliense. A hospedagem dos atletas tem a suspeita de ter sido superfaturada. E o dinheiro da bilheteria da partida organizada a pedido do governo, ficou com a federação.

Em um notebook da sócia de Sandro Rosell foi encontrada remessa de R$ 1 milhão para o exterior da Ailanto para a conta do cartola em Barcelona, além de cheques nominais e repasses de R$ 705 mil a Ricardo Teixeira.

Após quase seis anos da partida, os processos continuam sem desfecho. A defesa de Rosell diz que os contratos são legais e que o jogo foi realizado e considerado um sucesso.


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